Sou uma aluna de cadernos e fichamentos. Desde os tempos de escola, adoro guardar papéis!... De tempos em tempos, sou obrigada a desfazer-me de muitos. Já doei caixas e caixas de livros para a Biblioteca da UnB (arrependo-me, apenas, de não ter aguardado a conferência, registro e enumeração de cada um em documento que eu pudesse guardar), textos xerocados são distribuídos assim que adquiro o volume, e os cadernos... Bem, os cadernos são "escondidos" aqui e ali, de modo a não incomodarem!
Tenho completa convicção de que os cadernos serão úteis um dia. E não me equivoco: quando comecei a lecionar, foi neles que busquei as anotações que diferenciassem minha leitura da bibliografia; foi neles que encontrei pequenas e mal-desenhadas figuras que mantiveram congeladas as posições dos alongamentos; foi neles que reencontrei o deslumbramento com muitos autores!...
E, neste momento em que mais uma vez organizo minha "escrivaninha" (isso abrange o quarto inteiro, sala, armários...), é em um deles que encontro o presente resumo. Espero, apenas, que seja útil ao grupo, como um dia foi para mim!
Fatos marcantes da Década de 70
(principalmente a partir de 74)
- Estabelece-se a liberação sexual, um herança da década de 60, com início no movimento hippie, e que alcança uma maior erotização, pragmática, "odara". Leila Diniz é o ícone da época.
- Tem início uma "consciência" e mobilização pelos direitos homossexuais como fenômeno social, de massa (veículo engajado: Jornal "Lampião").
- "Secos e Molhados" causam comoção com sua androginia, linguagem corporal e desnudamento nunca antes visto no Brasil.
- A difusão da maconha e cocaína inaugura o tráfico como "ramo de negócios".
- Misticismo: a ideia "new age", filosofias orientais; o Brasil não teve movimento hippie na década de 60: a contra-cultura estava combatendo a Ditadura, a polícia, etc. Surge, também, o movimento "evangélico".
- Crise do modelo familiar tradicional.
- Consciência ambiental embrionária: apesar da existência de comunidades rurais, ativistas, etc., a questão ainda não integra a pauta de políticas públicas, ainda não consiste em uma "consciência de Estado". Em 1972 acontece o Congresso de Estocolmo.
- Em 1969 há a primeira transmissão, na TV, do "Jornal Nacional". Em 1970, a primeira transmissão a cores. De 1977 a 1980, o uso dos satélites de comunicação.
- De 1957 a 1975, as telenovelas brasileiras tinham ambientação teatral. A partir de 1975, ganham ambientação cinematográfica;
- Em 1974, há o lançamento de "Rainha Diaba", filme de Carlos Fontoura; e de "A Estrela Sobe", de Bruno Barreto, estrelado por Beth Faria;
- Em 1979, tem início a "liberdade de imprensa", sob o governo Figueiredo;
- De 1978 a 1985, temos o período "áureo" da Pornochachada (quando o cinema tem bilheteria);
Década de 60
- Bossa Nova;
- Festivais de Canção;
- Modernismo (Brasília como "último espasmo");
- Pop Art como "fechamento" do Modernismo. Depois disso, há o surgimento do termo "Pós-Moderno" - primeiramente nas Artes Visuais; depois, apropriado por todas as áreas;
- Em 1968 é criada a Embrafilme;
- Formação e fortalecimento da TV no País;
- Tropicália (Novos Baianos: hippies, vegetarianos, usam drogas livremente, valorizam os ritmos locais - choro, samba - e sua fusão com guitarras).
Na música, Gilberto Gil consolida o reggae; Os Mutantes consagram o rock "novo"; nos Novos Baianos, em Caetano Veloso, no Secos & Molhados, verifica-se fortes elementos de androginia, exposição do corpo, voz heterodoxa, maquiagem agressiva, que apontam grandes mudanças comportamentais e estéticas. Raul Seixas reúne esoterismo, rock, drogas e contra-cultura; Jorge Mautner, Luiz Melodia, Walter Franco, Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé fazem experimentalismos: "redescoberta" do samba de raiz de Clementina de Jesus, Cartola, Nelson Cavaquinho; e paira no ar uma "redescoberta" da música de raiz, com João Bosco, João Nogueira, Aldir Blanc, Dona Ivone Lara, Gonzaguinha.
(Aula do professor Carreras, em 2004.)