sábado, 13 de novembro de 2010

A tortura sob a terra


Antonio Carlos Prado e Juliana Dal Piva

Fica em São Paulo, no bairro de Vila Formosa, o maior cemitério da América Latina. Os corpos de dez brasileiros que se opuseram à ditadura militar e foram por ela mortos e enterrados clandestinamente podem estar sob essa terra – entre eles o de um dos líderes do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Seu nome: Virgílio da Silva. Profissão: operário. No Dops foi encurralado atrás de uma porta e massacrado. Ele lutava boxe. Enquanto se aguentou em pé resistiu à mão limpa contra dez torturadores. Nos anos 1980, em outro cemitério de São Paulo (o da cidade de Perus) foram localizadas ossadas de militantes enterrados de forma clandestina. À época o governo federal pouco se empenhou para que ossem identificadas. Agora, com Dilma Rousseff, que foi torturada, na Presidência do País, espera-se empenho efetivo para que os corpos de Perus e Vila Formosa recebam sepultura digna e tenham sua situação civil de óbito regularizada. Deixem de ser “desaparecidos”.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

No terreiro dos sonhos

Grupo...
São quase 3 horas da manhã e estou pilhado porque senti a energia de fazer teatro em grupo, hoje, 28 de outubro de 2010
Uma força que subiu pela minha coluna vertebral e circulou por todo o meu corpo.
Tenho orgulho de estar do lado de cada um de vocês.
Somos guerreiros porque vencemos diferenças pessoais e adversidades de fazer teatro.
Somos guerreiros porque levamos a cabo esse sonho, essa utopia, de acreditarmos que somos capazes de erguer um jogo cênico verdadeiro.
Acho que temos muito que melhorar em todo o processo, mas hoje ficou claro que podemos. E poder é um sensação plena de auto-estima.
Quero muito agradecer a confiança e o respeito de cada um.
Rosângela, guerreira e generosa, que fez de tudo para criar e montar essa luz linda.
Edi, parceirão e grande treinador, teremos o corpo que você desejar
Selma, você é uma joia que vamos lapidar e vai valer uma fortuna
André, nosso pequeno grande homem
Jeni, revolução e feminilidade juntas, nosso vulcão
Tainá, essa explosão de sentimentos e de doação
Álvaro, nosso enigma, decifra ou te devoro, vampiro!
Somos muitos porque estamos juntos
Desculpe, estou brega e feliz porque fechamos um ciclo e fomos agraciado com um público generoso...
Evoé, Ouro, Ió, Axé!

Dia 9 de novembro, às 19h30, é tempo de vida nova. Bastão na mão e sonhos no terreiro
Bjs mil

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Axé

Trincheira Companhia de Teatro convida para a Demonstração de Trabalho, Honestino, Guerreiro do Povo Brasileiro, Dia 28/10/10, às 21h, no Teatro de Arena da Escola Parque 313/314 Sul

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A paixão de Honestino


Por Sérgio Maggio

A professora universitária Betty Almeida desenvolve silenciosamente um trabalho que necessita chegar, com urgência, ao público. Pesquisa a vida de Honestino Monteiro Guimarães, estudante exemplar de geologia, expulso da Universidade de Brasília por ação dos órgãos de repressão, líder estudantil e um dos desaparecidos políticos da ditadura brasileira. Paixão de Honestino, título provisório de uma biografia ainda em construção, vasculha a trajetória do rapaz que enfrentou o aparato militar na W3 Sul e no câmpus da UnB.

“Honestino nunca quis ser mártir, nem tornar-se um herói. Lutou com as forças de que dispunha, principalmente suas ideias, e viu-se jogado nas sombras da clandestinidade, sempre acreditando que tudo o que cada um fizesse acabaria juntando-se para formar algo grande e forte. Por isso, não quis partir para uma suposta segurança como refugiado político em outro país, para não deixar de cumprir o seu papel na história e, sobretudo, para não abandonar os que ficavam”, escreve Betty, que estudou na UnB e lecionou na Faculdade Federal da Paraíba.

O livro de Betty Almeida dialoga com a obra de dona Maria Rosa Leite Monteiro, a mãe guerreira que há 37 anos luta para saber onde está o corpo do seu filho. No livro Honestino, o bom da amizade é a não cobrança, ela expõe sua dor, com toda a carga subjetiva que lhe cabe, e a transforma em importante documento em prol da memória de Honestino, sequestrado, provavelmente, em 10 de outubro de 1973, no Rio, onde vivia na clandestinidade.

Cercada por dezenas de entrevistas, a pesquisa de Betty Almeida situa mais objetivamente Honestino Guimarães no contexto da época, apontando naturalmente as suas contradições. Vizinha de quadra em Brasília, ela viu o menino se transformar em líder político. Tempos depois, já na clandestinidade, encontrou-se com ele no Rio e testemunhou a vida de foragido.

“Como disse Maria Rosa, Honestino era uma pássaro que queria voar por todo o universo, um pássaro de asas amplas e inquietas, que não suportava gaiolas. Nem as grades soturnas da prisão nem as paredes invisíveis e opressivas da clandestinidade. Mesmo marcado para morrer, sabendo do cerco que se fechava em torno dele, que sua prisão era uma questão de tempo, a ânsia de viver a vida, respirar o ar livre, andar pela rua, ver o céu e o Sol acima de sua cabeça, estar perto da mulher amada e jogar uma pelada no aterro pode ter sido mais forte do que a preocupação com as regras de segurança, com o cuidado de esconder-se, encerrar-se numa clausura que talvez pudesse tê-lo protegido. Amigos e companheiros acham que ele baixou a guarda, esqueceu o quanto a ditadura era criminosa e feroz”, aponta Betty Almeida.

Infelizmente, o livro essencial de Betty Almeida não responde pelo paradeiro do corpo de Honestino Guimarães. Mas alimenta a esperança de que um dia alguém possa revelar a localização dessa caixa-preta.

sábado, 28 de agosto de 2010

Treinamento.


Treinamento Trincheira Cia de Teatro.
Demonstrações dos "animais". Edi, o condutor, demonstra seu animal.
Segundo semestre de 2009.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Violência policial contra o teatro

O espetáculo Rãmlet Soul, que esteve em cartaz ao longo do mês de maio no Theatro José de Alencar, sofreu de violência física e verbal, nesta terça-feira (25/05), pouco depois das 18h, sob estímulo e conivência de PMs. Os atores Junior Barreira, Saymon Moraes e Sol Mouffer foram agredidos e o ator George Alexandre e o músico Saulo Raphael ameaçados durante a apresentação da primeira parte da peça, que ocorre na Praça José de Alencar.

Inicialmente, os PMs (de nomes Geraldo, França e Lacerda) abordaram os atores de modo truculento, abusivo e confrontador, alegando que não podiam estar na rua, interpretando seus papéis de michês, apenas de toalha, o que configuraria “atentado ao pudor” – nas seis apresentações no TJA e dez apresentações na Praia de Iracema, bem como em sua participação em festivais, o espetáculo jamais teve problemas similares. Os policiais exigiram que os atores se retirassem da praça, onde a peça iniciava a penúltima apresentação desta temporada. Os atores reivindicaram por seu direito de trabalho em espaço público. Os PMs, cada vez mais agressivos, insistiram que aquilo não era trabalho, mas sim "sem-vergonhice”. Um deles, o mais velho, quando questionado pelo ator George Alexandre sobre sua postura, ameaçou-o com expressões do tipo: “não tenho medo de nada; eu nasci foi pra morrer”. O policial, abusando de suas atribuições e de sua função pública, foi aglomerando os transeuntes da praça em torno dos atores da peça, em mobilização contra o elenco (temos este registro em vídeo).

Pouco depois, sob esse clima tenso, numa das cenas peça em que os michês, em triste paródia da vida real, são expulsos de seus pontos e correm acossados, um dos PMs, novamente o mais velho, insuflou transeuntes e deu a ordem contra o elenco: “mostra pra eles o que é teatro”. Armados de porretes e de facas, os agressores aplicaram socos, tapas e pontapés nos atores Junior Barreira e Saymon Morais. Dois outros atores da peça, Yasmin Elica e Jhon Jonas, presenciaram o momento em que o policial instigou tal agressão.

A atriz da peça, Sol Mouffer, também próxima da confusão, em cena que carrega uma pedra na mão (parte do espetáculo já tantas vezes apresentada naquele espaço), foi agarrada pelo braço por um dos policiais, que, “pressupôs”que ela iria agredi-lo com o objeto. Finalmente, após a violência sofrida (sob ameaças de ser furado à faca pelos agressores), o ator Junior Barreira, ignorando que partira da polícia o comando para atacá-lo, procurou o referido efetivo policial para queixar-se do que aconteceu, e obteve esta resposta de um dos PMs: “Defender você? Não estou aqui pra lhe defender. Isto que você faz é uma baitolagem. Você mereceu". Situação que justificou as lágrimas do ator, abalado como outros artistas da peça que também sofreram agressão, incluindo o músico Saulo Raphael, que, por tentar proteger os atores da situação de perigo, fora “jurado” pelos agressores, em promessa de violência para a apresentação seguinte, nesta quarta-feira, dia 26/05. Fato que justificou que Rãmlet Soul encerrasse a temporada do TJA sob proteção de - outra - escolta policial, solicitada pela direção do teatro, num deplorável quadro de "polícia protegendo da polícia".

A “baitolagem” a que se referiu o PM instigador da agressão aos atores, e que, na sua visão, justifica tanta violência, faz parte de um espetáculo premiado nacionalmente, pela Funarte/Petrobras, bem como pela Prefeitura de Fortaleza, tendo obtido repercussão em dezenas de veículos de comunicação e que, apenas três dias antes, havia lotado o Porão do Theatro José de Alencar em plena meia-noite.

Rãmlet Soul é uma peça que procura se inserir no que a cidade é, de fato.
Será por isso que a polícia mandou bater?

Thiago Arrais
(diretor do RÃMLET SOUL)


Não devemos permitir que tal ação truculenta contra os artistas cearenses saia impune.
Divulguem tal fato para que todos fiquem cientes desse absurdo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Monstro tarado

Vencido no julgamento que manteve a validade da Lei da Anistia, o ministro Carlos Ayres Britto não poupou críticas ao perdão dado pelo Estado aos torturadores nos anos 1970. “O torturador não comete crime político. O torturador é um monstro, um desnaturado, um tarado, é aquele que experimenta o mais intenso dos prazeres diante dos mais intensos dos sofrimentos. É uma espécie de cascavel que morde o som dos próprios chocalhos”, frisou. Para Britto, a lei não deu o perdão aos torturadores, que, segundo ele, “desonraram as próprias Forças Armadas, que não compactuavam com atos de selvageria”.

O ministro Ricardo Lewandowski considerou que os agentes do Estado “não estão automaticamente abrangidos pela anistia contemplada” e sugeriu que os juízes avaliassem caso a caso com a possibilidade de punição àqueles que cometeram crimes de tortura — para ele um crime comum, e não político. O presidente do STF, Cezar Peluso, rebateu com veemência o voto de Ayres Britto. “O Brasil fez a opção pelo caminho da concórdia. Se eu pudesse concordar com a afirmação de que certos homens são monstros, eu diria que os monstros não perdoam. Só os homens perdoam. Só uma sociedade superior, qualificada pela consciência dos mais elevados sentimentos de humanidade é capaz de perdoar”, declarou.

Peluso não poupou críticas à mudança de posição da OAB e disse não conseguir entender como “a mesma OAB venha 30 anos depois rever o seu próprio juízo como se tivesse acordado tardiamente”. “Uma sociedade que quer lutar com os seus inimigos com as mesmas armas está condenada ao fracasso”, concluiu.
Fonte: Correio Braziliense

Cabeças cruzadas

"O Brasil é devedor desses companheiros, não de armas, mas da política. Aqueles que realmente acreditaram na via do diálogo e na política como forma de construir soluções”
Gilmar Mendes


"Por incômodo que seja reconhecer hoje, a anistia, inclusive daqueles que cometeram crimes nos porões da ditadura, foi o preço que a sociedade pagou para acelerar o processo de democratização”
Ellen Grecie


"O torturador não comete crime político. O torturador é um monstro, um desnaturado, um tarado, é aquele que experimenta o mais intenso dos prazeres diante dos mais intensos dos sofrimentos. É uma espécie de cascavel que morde o som dos próprios chocalhos”
Carlos Ayres Britto

Perdão mantido a torturadores

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem, por sete votos a dois, manter o texto original da Lei da Anistia, conforme promulgado em 1979. Ao julgarem uma ação protocolada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os ministros da Suprema Corte negaram o pedido de exclusão do perdão dado aos agentes públicos que torturaram ou mataram durante a ditadura militar brasileira (1964-1985).

Recheado de polêmicas, o histórico julgamento foi iniciado na quarta-feira, quando o relator do processo, Eros Grau, seguiu entendimento do Ministério Público e da Advocacia-Geral da União (AGU) ao votar pela manutenção da lei, que beneficiou militares, servidores públicos, dirigentes e representantes sindicais. A legislação de 1979 deixou de fora apenas os acusados de terrorismo, assalto, sequestro e atentado.

A OAB pedia a revisão do artigo 1º da lei, que prevê anistia aos crimes “conexos” relacionados aos crimes políticos, para que o perdão deixasse de alcançar os torturadores. O tema causou divergência dentro do próprio governo federal, mas prevaleceu a posição da AGU de manter a anistia ampla e irrestrita.

Ontem, no segundo dia de julgamento, oito ministros votaram. Apenas dois se posicionaram pela revisão da lei. Prevaleceu o voto do relator, que foi elogiado pelos que o seguiram. “O ministro Eros fez o mais brilhante voto perante essa corte”, disse Gilmar Mendes. “Cumprimento o ministro Eros Grau pelo consistente voto proferido, que servirá para reflexão e alerta a gerações futuras”, anotou Marco Aurélio Mello.

Eros Grau, preso político do regime militar, alertou, ao votar anteontem, que não cabe ao Poder Judiciário revisar a lei. O papel, segundo o relator, é restrito ao Legislativo. Seguindo o voto de Eros, Cármen Lúcia alertou que a lei não pode retroagir para punir os torturadores, apesar de o artigo 5º da Constituição definir a tortura como crime “insuscetível de anistia” e imprescritível. Na década de 1970 não havia essa tipificação de crime, que era considerado, à época, lesão corporal grave.

Assim, a ministra alertou que não cabe punição para atos de tortura praticados antes de 1988, ano em que a Constituição foi promulgada. “Nem sempre as leis são justas, embora elas sejam criadas para ser”, afirmou Cármen. Por alguns instantes, o julgamento ficou empatado em dois a dois, após Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto votarem pela revisão da lei. No entanto, os demais votos definiram a questão. Além de Cármen, Gilmar Mendes, Ellen Gracie, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso seguiram o voto do relator.

Mendes elogiou a postura do Congresso Nacional, que, no auge da ditadura militar, aprovou a Lei da Anistia. O mesmo Parlamento foi chamado de submisso pelo jurista Fábio Comparato, conselheiro da OAB. “O Brasil é devedor desses companheiros, não de armas, mas da política. Aqueles que realmente acreditaram na via do diálogo e na política como forma de construir soluções”, destacou Mendes.

A ministra Ellen ressaltou a importância da aprovação da lei em meio ao regime de exceção. “Por incômodo que seja reconhecer hoje, a anistia, inclusive daqueles que cometeram crimes nos porões da ditadura, foi o preço que a sociedade pagou para acelerar o processo de democratização”, observou.
Fonte: Correio Braziliense/Diego Abreu

terça-feira, 20 de abril de 2010

Começando o mergulho...

Sou uma aluna de cadernos e fichamentos. Desde os tempos de escola, adoro guardar papéis!... De tempos em tempos, sou obrigada a desfazer-me de muitos. Já doei caixas e caixas de livros para a Biblioteca da UnB (arrependo-me, apenas, de não ter aguardado a conferência, registro e enumeração de cada um em documento que eu pudesse guardar), textos xerocados são distribuídos assim que adquiro o volume, e os cadernos... Bem, os cadernos são "escondidos" aqui e ali, de modo a não incomodarem!

Tenho completa convicção de que os cadernos serão úteis um dia. E não me equivoco: quando comecei a lecionar, foi neles que busquei as anotações que diferenciassem minha leitura da bibliografia; foi neles que encontrei pequenas e mal-desenhadas figuras que mantiveram congeladas as posições dos alongamentos; foi neles que reencontrei o deslumbramento com muitos autores!...

E, neste momento em que mais uma vez organizo minha "escrivaninha" (isso abrange o quarto inteiro, sala, armários...), é em um deles que encontro o presente resumo. Espero, apenas, que seja útil ao grupo, como um dia foi para mim!


Fatos marcantes da Década de 70
(principalmente a partir de 74)

- Estabelece-se a liberação sexual, um herança da década de 60, com início no movimento hippie, e que alcança uma maior erotização, pragmática, "odara". Leila Diniz é o ícone da época.
- Tem início uma "consciência" e mobilização pelos direitos homossexuais como fenômeno social, de massa (veículo engajado: Jornal "Lampião").
- "Secos e Molhados" causam comoção com sua androginia, linguagem corporal e desnudamento nunca antes visto no Brasil.
- A difusão da maconha e cocaína inaugura o tráfico como "ramo de negócios".
- Misticismo: a ideia "new age", filosofias orientais; o Brasil não teve movimento hippie na década de 60: a contra-cultura estava combatendo a Ditadura, a polícia, etc. Surge, também, o movimento "evangélico".
- Crise do modelo familiar tradicional.
- Consciência ambiental embrionária: apesar da existência de comunidades rurais, ativistas, etc., a questão ainda não integra a pauta de políticas públicas, ainda não consiste em uma "consciência de Estado". Em 1972 acontece o Congresso de Estocolmo.
- Em 1969 há a primeira transmissão, na TV, do "Jornal Nacional". Em 1970, a primeira transmissão a cores. De 1977 a 1980, o uso dos satélites de comunicação.
- De 1957 a 1975, as telenovelas brasileiras tinham ambientação teatral. A partir de 1975, ganham ambientação cinematográfica;
- Em 1974, há o lançamento de "Rainha Diaba", filme de Carlos Fontoura; e de "A Estrela Sobe", de Bruno Barreto, estrelado por Beth Faria;
- Em 1979, tem início a "liberdade de imprensa", sob o governo Figueiredo;
- De 1978 a 1985, temos o período "áureo" da Pornochachada (quando o cinema tem bilheteria);


Década de 60

- Bossa Nova;
- Festivais de Canção;
- Modernismo (Brasília como "último espasmo");
- Pop Art como "fechamento" do Modernismo. Depois disso, há o surgimento do termo "Pós-Moderno" - primeiramente nas Artes Visuais; depois, apropriado por todas as áreas;
- Em 1968 é criada a Embrafilme;
- Formação e fortalecimento da TV no País;
- Tropicália (Novos Baianos: hippies, vegetarianos, usam drogas livremente, valorizam os ritmos locais - choro, samba - e sua fusão com guitarras).

Na música, Gilberto Gil consolida o reggae; Os Mutantes consagram o rock "novo"; nos Novos Baianos, em Caetano Veloso, no Secos & Molhados, verifica-se fortes elementos de androginia, exposição do corpo, voz heterodoxa, maquiagem agressiva, que apontam grandes mudanças comportamentais e estéticas. Raul Seixas reúne esoterismo, rock, drogas e contra-cultura; Jorge Mautner, Luiz Melodia, Walter Franco, Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé fazem experimentalismos: "redescoberta" do samba de raiz de Clementina de Jesus, Cartola, Nelson Cavaquinho; e paira no ar uma "redescoberta" da música de raiz, com João Bosco, João Nogueira, Aldir Blanc, Dona Ivone Lara, Gonzaguinha.

(Aula do professor Carreras, em 2004.)


quarta-feira, 17 de março de 2010

Viva a esperança!

Ossadas que podem ser de guerrilheiros são encontradas no Pará
Luciana Lima
Da Agência Brasil
Em Brasília

Parentes de um militante que atuou na Guerrilha do Araguaia encontraram restos humanos na localidade de Brejo Grande do Araguaia, um dos locais do conflito no Pará. De acordo com a Procuradoria da República no Estado, a descoberta foi feita em conjunto pelos parentes e por uma equipe do Ministério Público Federal (MPF), que investigaram a região após novas informações colhidas sobre sepultamentos em Brejo Grande do Araguaia.


O local das ossadas fica a 90 quilômetros de Marabá e é conhecido como Tabocão. A região do Tabocão sempre foi apontada como possível área de enterros de guerrilheiros mortos durante os combates na década de 1970 e chegou a ser escavada em outubro do ano passado pelo Grupo de Trabalho Tocantins, formado pelo Ministério da Defesa, para procurar as ossadas desaparecidas. No entanto, o grupo não conseguiu encontrar nenhuma ossada.


Em depoimentos no MPF, moradores de Brejo Grande informaram que as escavações da Operação Tocantins foram feitas em pontos incorretos. “Toda a população de Brejo Grande e das redondezas comentou que as escavações realizadas no Tabocão foram feitas em local errado”, disse uma moradora em depoimento no MPF. As testemunhas também informaram que o local onde as ossadas foram encontradas fica a uma distância de cerca de 30 metros do local escavado no ano passado.


De acordo com o MPF, as ossadas foram encontradas depois que familiares do guerrilheiro Antônio Teodoro de Castro, que usava o codinome Raul na guerrilha, conversaram com um informante, que não quer se identificar, nem falar com as autoridades. Ele apontou vários locais onde poderiam estar sepultados corpos de guerrilheiros. De acordo com o MPF, foram encontrados pedaços de crânio, dentes e restos de tecidos no ponto exato apontado pelo informante.


O MPF informou ainda que existe a suspeita de que as ossadas encontradas podem pertencer aos guerrilheiros Pedro Carretel (Carretel), Rodolfo de Carvalho Troiano (Manoel do A), Gilberto Olímpio Maria (Pedro) e Maurício Grabois (Mário).


Ontem (16), o procurador da República no Pará, Tiago Modesto Rabelo, pediu apoio da Polícia Federal (PF), do Instituto de Perícias Científicas do Pará e do Instituto Médico Legal de Marabá para o resgate das ossadas. “Como estávamos a agir diante de fato urgente e imprevisível, as ações da equipe tiveram o objetivo de adotar as providências preliminares e emergenciais para garantir o resgate dos restos e a integridade do local”, explicou o procurador.


Segundo o Ministério Público Federal, quatro peritos, dois agentes da PF e dois técnicos do MPF fizeram o registro de depoimentos de moradores e as escavações, e acabaram encontrando mais restos humanos. Todo o material encontrado foi levado para a sede do MPF no Pará e será encaminhado ao Instituto Médico Legal em Marabá.


O Ministério Público informou ainda que os agentes e peritos da PF também estão preparando um relatório com fotos das ossadas encontradas. Depois do trabalho de campo, as ossadas serão encaminhadas para Brasília, onde passarão pelo processo de identificação.


Combatida pelo Exército, a Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência ao regime militar (1964-1985) organizado pelo PC do B na primeira metade da década de 1970.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010