quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Exercícios corporais dos atores de Grotowski

O que chamo de treinamento expressivo consiste na apreensão de métodos de interpretação – Stanislavskiano? Artaudiano? Da Antropologia Teatral? Baseado em algum método da dança?... – desenvolvidos em pesquisas específicas para o Teatro por grandes encenadores, pesquisadores, bailarinos...

(Impõe-se, também aqui, desfazer outro equívoco: a teoria organiza a prática, não se “divorcia” dela. Quase todos os “teóricos” do teatro simplesmente sistematizaram seus saberes, transformando-os em conhecimento para as futuras gerações: Stanislavski foi ator, depois diretor; Artaud foi ator; Grotowski foi diretor...)

...Método este que, uma vez escolhido, deverá ser exaustiva e inesgotavelmente aprimorado, a fim de que o intérprete se torne cada vez melhor.
Ser ator – um bom ator – talvez seja uma das profissões mais difíceis existentes hoje em dia.

O aspirante a ator brasileiro precisa compreender que sua rotina diária deve contemplar o desenvolvimento de diferentes campos, todos muito complexos. Para ilustrar, gosto de lançar mão dos exemplos do atleta e do músico.

O ator, em primeiríssimo lugar, não pode prescindir da disciplina do atleta e do músico em relação ao seu treinamento físico – o corpo é seu instrumento de trabalho, a exemplo do atleta.

Assim, todo ator deve praticar regularmente um esporte que lhe confira resistência, força, elasticidade, maleabilidade, vigor. Pode ser capoeira, técnicas de circo, corrida, natação, yoga, lutas, dança contemporânea. É um trabalho importante e de “base”: fornece a matéria-prima – um corpo forte e disponível - para a etapa seguinte, que é o treinamento expressivo.

(Continuação)

Isso acarreta no reforço da visão equivocada segundo a qual a aula de artes é “um tempinho de lazer” para os estudantes em meio à carga de conteúdo e horário das “disciplinas sérias”.

É preciso esclarecer, em primeiro lugar, que a Arte é uma área de conhecimento tão ampla quanto, e mais antiga, que a Filosofia e as Ciências.

Isto posto, passemos a tratar das linguagens.

Somente para fins de comparação, podemos tomar o exemplo da “Matemática” como linguagem: para seu satisfatório aprendizado, os alunos têm aulas de aritmética, álgebra, cálculo, geometria e geometria analítica – só para ficarmos na divisão clássica – separadamente.

Porque, como linguagem, a Matemática – assim como os idiomas estrangeiros ou a Língua Portuguesa – consiste em uma complexa estrutura que precisa ser abordada separada e demoradamente, estrutura em que os elementos se condicionam, comunicam, complementam; linguagens são, correntemente, subdivididas tamanhas são suas abrangências.

Outro exemplo pode ser a Língua Pátria. Nas escolas, “Português” é ensinado em múltiplas disciplinas, suas inúmeras subáreas: gramática, literatura (com respectivas subáreas) e redação (capacidade individual de expressar-se por escrito no idioma, a partir do aprendizado dos dois sub-campos anteriores) - isso, na divisão ortodoxa.

Vale lembrar que “as Artes” abrangem diversas linguagens artísticas: música, dança, teatro, artes visuais... Cada qual, um universo inimaginável com “alfabeto” próprio, regras para seu uso (técnicas), história, conceitos, filosofia.
Que me desculpem os impacientes, mas sou virginiana - detalhista, perfeccionista e com um prazer insuspeitável na organização de "coisas" -, e gosto de retomar certos raciocínios para, só então, seguir adiante.

Há anos participei, com muita, mas rápida, paixão (como são todas as paixões) de outro blog, aquele de crítica teatral, e mesmo não sendo este o tema central, publiquei nele algumas convicções pessoais sobre o trabalho do ator.

É porque levo a sério essas impressões que por muito tempo me afastei da atuação no teatro. Também por causa de meu amor pela História - que, como em todas as histórias de amor, se prolonga e me realiza... Mas, uma vez assumida a responsabilidade de voltar a atuar, julgo conveniente relembrar metas para se construir uma rotina que, verdadeiramente, favoreça a expressividade.

Podemos dizer que é ampla, inesgotável, a discussão possível acerca da formação de um ator. Dos primeiros tempos ao presente, atuar nos palcos angariou significados e atribuições diferentes ao longo dos séculos; o papel do Teatro nas sociedades conferiu responsabilidades diferenciadas aos artistas cênicos.

Na Grécia, com sua especificidade, o maior atributo de um ator era sua voz (depreende-se que também seu porte, mas nunca se pensou no virtuosismo corporal exigido pelos teatros moderno e contemporâneo, ainda que relatos dessem conta de que Sófocles, por exemplo, o exibisse); já o período medieval contou com artesãos e cidadãos comuns, além de membros do baixo clero, na elaboração e representação de seus autos religiosos.

Os italianos da Commédia Dell’Arte - herdeiros diretos dos perseguidos artistas populares e pantomímicos romanos -, inauguraram o profissionalismo na área e exibiam impressionante desempenho corporal, visto que as inúmeras viagens impunham, muitas vezes, a “criação” de línguas abarcando fonemas de diferentes idiomas, a fim de atingir o público da heterogênea e ainda muito fragmentada (política e economicamente) Europa; além disso, eram mestres do improviso, uma vez que a Commédia era o gênero do improviso por excelência.

Por fim, a França clacissista enxergou nos atores e, sobretudo, atrizes trágicas, pessoas “especiais”, agraciadas com paixão e dom, capazes de “alcançar”, “comungar” das intenções do autor e que confundiam suas vidas com as de seus personagens, constituindo, eles também, personagens – o advento das divas e "primeiros atores".

O teatro moderno, com a ruptura que engendrou, instituiu uma nova era. O ator, re-inserido ao conjunto de elementos que compunham o palco e não mais os sobrepujando, precisou desenvolver diferentes capacidades a fim de atender às demandas de encenadores de uma época primordialmente experimental. Tudo caíra por terra; as tecnologias da virada do século XIX para o XX impôs que se repensasse a especificidade da linguagem teatral, e muitas foram as respostas (às vezes, até mesmo divergentes) que visavam a sobrevivência da mesma.

Hoje, já não sabemos designar se vivemos um teatro (como os demais segmentos artísticos) hiper-moderno ou pós-moderno; contudo, quaisquer que sejam os pressupostos do teatro contemporâneo - talvez pós-dramático, mas não só isso -, o fato é que ele não prescindirá da melhor formação possível dos atores para conquista de seus propósitos – dos propósitos da Arte - no atual momento.

Infelizmente, no Brasil, a preparação de um ator pode ser muito deficiente. Colabora para isso, por exemplo, a falta de oferta regular da disciplina nos currículos escolares – é notória a luta de arte-educadores para estabelecerem, de modo definitivo, a obrigatoriedade do ensino das diferentes linguagens artísticas, com o aprofundamento conveniente, em toda a rede escolar do País, sem sucesso.

Soma-se a isso a precariedade de seu desenvolvimento, quando esta existe; devido, principalmente, à mentalidade predatória que orienta as instituições particulares no sentido de “economizarem” na contratação de seus profissionais, o que se tem como resultado são estudantes ainda não-preparados para a responsabilidade, mas que a acatam por questões de “sobrevivência”, ministrando aulas semanais de tempo curtíssimo, insuficiente para o ensino de uma área de conhecimento, lançando mão de improvisos ad infinittum, sem saber sequer explicar por que o Teatro é uma “linguagem” - o que compromete o desenvolvimento de habilidades e competências (conforme prevê nossas diretrizes para o ensino). Os professores de Teatro, quando despreparados (e muitas vezes o são), em verdade acabam por não ensinar absolutamente nada, e, sim, lançam mão de habilidades que os formandos já apresentam, explorando-as nas apresentações obrigatórias das “datas comemorativas”.
Eu gostava de começar a primeira aula de minhas turmas com um poema que, invariavelmente, me faz chorar.

E que traduz com perfeição a idéia que tenho sobre a teoria nas artes.

Este:

A função da arte

Diego não conhecia o mar.

O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.

Viajaram para o Sul.

Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.

Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.

E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.

E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

- Me ajuda a olhar!


Está iniciada a caminhada.

Dê licença, ó amigo, que eu tô me achegando...



Retardei minha visita ao blog da companhia, ciente de que escrever sobre o processo de um grupo de teatro e sobre as reflexões daí decorrentes é tarefa delicada, sensível, algo ensimesmada, que exige daquele que se dispõe a tanto tempo e apego, a fim de que possa compartilhar...

E tempo e apego não são matérias tão abundantes nos dias duros que vivemos.

Por outro lado, é justamente esta aridez material ou de ideais a maior das motivações para que nos agarremos ainda com mais força aos sonhos e à crença de que podemos revolucionar, transformar, interferir e continuar, justamente por isso, a sonhar!... Mais máquinas, velocidade, intermediários, distâncias, concreto, fios, vidros e compromissos - há que se cravar humanidade em meio à essa arena - a vida, essa caminhada severina, pede: onde a natureza não lha oferecer, crie beleza!...

... Contudo, "criar" não consiste em tarefa "fácil", não se apresenta, assim, a qualquer evocação. Do fogo surgido de gravetos ao desvendamento do DNA, verdade é que os homens inventaram toda sorte de recursos que lhes permitissem a sobrevivência, instigados ora pela necessidade, ora por uma curiosidade superiora. E as artes nasceram da comunicação, do ritual e da comunhão dos parcos recursos reunidos entre os entes de uma mesma tribo, comunidade, grupamento ou como queiramos nomear; entretanto, no decorrer dos séculos, as artes se separam do ritual e, apesar de permanecerem "comunicação", não se confundem com a noção que desta última temos nos dias atuais. As expressões artísticas geraram linguagens específicas, com "alfabeto" e "regras de uso" próprias; regras que também foram e são transgredidas à medida das necessidades e novas percepções - sobre o mundo, sobre o homem, sobre a Arte... Comparada ao fogo, a obra de arte, chama que incendeia e ilumina a vida, em verdade é um fulgor que só estala após muito atrito, tempo, forças, trabalho empregado na obtenção de calor...

Por isso, gosto de lembrar àqueles que se aventuram por um dos mais sofisticados fazeres criados pelo homem, que "criar" não consiste em processo "natural", inerente, que prescinde de conhecimento e que "brota" no âmago de cada um de nós aleatória e descontroladamente. Seja nas artes, seja nas ciências, na filosofia ou em qualquer das áreas que me possam fugir da memória no momento, a criação demanda trabalho árduo e persistente, disciplina, dedicação, conhecimento reunido - que, por sua vez, se converterão em algo novo, ao encontrarmos novos diálogos e conexões entre o que já se nos apresentava, mais ainda não havia sido relacionado entre si...

É com esse espírito - algo sonhador, algo exigente, algo determinado - que ingressei, no grupo e no blog, disposta a trabalhar... Porque o espírito criativo só se tornará afável e companheiro se lhe dedicarmos volto a dizer: nosso tempo, atenção e energias. A beleza, nas artes, resulta de trabalho árduo - mas há que se enxergar a beleza do caminho...!...

domingo, 27 de setembro de 2009

Aviso de Honestino

"A minha situação não é única. O passado recente da História de nossa terra infelizmente está repleto desses crimes, de vários exemplos de tiroteios simulados e de "atropelamentos" de pessoas após terem sido presas pelos órgãos de repressão política. Além disso, essa ameaça pesa concretamente sobre várias pessoas que, como eu, são consideradas perigosas."

sábado, 26 de setembro de 2009

Certidão Vazia

A certidão de óbito de Honestino Monteiro Guimarães foi entregue à família apenas em 1996, sem qualquer dado, inclusive a causa da morte. “Eles não conseguiram intitulá-lo como terrorista. A luta era ideológica. Honestino sempre buscou a justiça”, defendia o irmão mais novo, Norton.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Trincheira na trincheira

Trecho da apresentação de Honestino, aqui, ali, acolá, no Cena Contemporânea, dia 5 de setembro, às 22h45, na área externa do Museu Nacional Honestino Guimarães.

Dias de ensaio

Na semana que antecedeu a performance do dia 5 de setembro, nos reunimos quase que diariamente para ensaiar no espaço entre o Museu Honestino Guimarães e a Biblioteca Leonel Brizola. Este é um registro do ensaio feito pelo ator Jones Schneider.

Salve, Rafael















trincheireiros...um salve para um amigo que nos fotografou...RafaelLucas

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Frase provocadora

"Dizem que no dia 10 de outubro de 1973, numa rua do Rio de Janeiro, desaparecia uma das mais brilhantes inteligências, que abriu uma lacuna, até hoje não preenchida em razão da sempre efetiva e plena disponibilidade para a liberação do povo brasileiro"

Ainda que prendam, ainda que nos matem, mesmo assim voltaremos e seremos milhões"

1º dia de pesquisa...

Ontem, começamos a nova fase de pesquisa sobre Honestino. Foi feito um exercício proposto pelo Sérgio para sentirmos alí momentos de angustia (como se estivéssemos pressentindo a captura de Honestino). Eu não sei se por conta do preparo que tivemos antes com o sentimento angustia, quando recebemos a notícia, todos ficaram muito impactados. Eu por exemplo chorei muito como se a pessoa que eu mais amasse no mundo tivesse morrido, a dor da "perda" foi indescritível!!! Após a notícia, apenas duas pessoas, Jeny e Matheus se revoltaram. Os outros ficaram perplexos!
Após esse exercício fomos supreendidos por uma "brincadeira" que Sérgio e Selma pregaram na gente. Sérgio pediu pra que Selma se retirasse da sala de experimentação sem que percebessémos. No final do exercício, ele disse que ela havia recebido uma ligação (isso foi veridico) e saiu chorando (não verídico). Saímos correndo da sala atrás da Selma, ficamos todos preocupadíssimos. Eu acabei encontrando-a atrás da sala e perguntei: O que aconteceu? Ela me responde: Sérgio pediu pra eu sair... Eu senti um alivio e ao mesmo tempo uma vontade de dar uns cascudos nos dois pelo que fizeram. Mas, tudo bem! É tudo parte do exercício!!!

A cada dia o grupo vem se consolidando mais e mais e tudo o que estamos fazendo tem sido algo novo e cheio de recompensa!!!

Beijo grande a todos!!!

Hera Augusta

domingo, 20 de setembro de 2009

Axé, Honestino Guimarães




Foi surpreendente a presença de Gabriel e Matheus, sobrinhos de Honestino Guimarães, na performance Honestino, aqui, ali, acolá. O testemunho dos dois, que ficaram emocionados com a nossa ação, é o combustível para a gente seguir a pesquisa, que começa agora, nesta segunda feira, 21 de setembro. O grupo vai se debruçar sobre o livro escrito por dona Rosa (mãe de Honestino), matérias publicadas na imprensa e entrevistas com pessoas ligadas a Honestino.
Se souber de algo ou alguém que possa ajudar a gente, mande um e-mail para sergiomaggio@uol.com.br.
Axé, que os deuses consagrem a nossa luta!

Escrita política








Fotos Jones Schneider


O ponto principal da performance Honestino, aqui, ali, acolá era a necessidade de ecoar em público que o Museu Nacional omite o nome Honestino Guimarães. Estava extremamente emocionado nesta hora. Era urgente para nós reafirmar que a nossa escrita começava assim, política.

A crônica de Ana Miranda








Fotos de Jones Schneider

Trabalhamos a dramatização da crônica Honestino Guimarães, de Ana Miranda. A ideia de usar banquinhos nasceu da informação que Honestino surgia do nada, subia nas mesas pra fazer o discurso e desaparecia para não ser denunciado. Os banquinhos ao mesmo tempo eram tambores para as canções do grupo.
Cada um dos integrantes assumiu um personagem que estava à procura de Honestino Guimarães. O objetivo era, em poucos minutos, levar frases sínteses da vida do militante estudantil em repetições para que aquela escrita soasse aos ouvidos.
A frase: E você, você viu Honestino? nasceu de improviso de Rogélia e foi absolvida pelo grupo. Na performance, adotamos a canção patriótica "Este é um país que vai pra frente" cantanda em marcha fúnebre,e puxada por Rosângela.

Tempo de doidura






Fomos à rua, ao Museu Nacional desmemoriado, chamar a atenção para o nome oficial de batismo. Museu Nacional Honestino Guimarães. A chegada é uma homenagem ao Grupo Pitú, importante coletivo que surgiu em meados dos anos 1970 em Brasília, com Hugo Rodas à frente. Chegamos cantando a música de trabalho do Pitú:
"Esse é o tempo/ de grande doidura/ Esta é a hora/ de cair em cima/ Ai que indecisão/ Vamos lá irmão".
A ideia do figurino também remete ao espetáculo Os Saltimbancos, do Pitú. Mas, estávamos ali, para reinvindicar uma ação política contemporânea. No peito, a imagem de Honestino Guimarães. Passado e presente misturados mesclavam a nossa alegria de surgir como um coletivo. Trincheira Cia. de Teatro.

sábado, 12 de setembro de 2009

Segunda-feira começaremos de novo!!!

Depois de um mês na Trincheira, para fazermos a intervenção, o que a maioria das pessoas deve estar pensando é que "eles agora descansarão"... Enfin, meus amigos, para felicidade de vocês e nossa também, não descansaremos... A partir de agora, uma nova fase do nosso processo "Honestinico" estará começando... Iremos agora procurar verdadeiramente o Honestino! Até o final do ano, o processo continua, sabe-se lá o que iremos achar e se o encontraremos, mas faremos o possível para encontrar e conhecer Honestino.
Segunda-feira dia 14 de setembro recomeçaremos!!!!
Muita merda e que os deuses do teatro estejam conosco!!!

Beijo grande a todos!!!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O PROCESSO

PASSAMOS ENVOLVIDOS EM UM PROCESSO QUE NOS ENCHE DE ORGULHO.
PRA MIM, TEATRO NÃO É QUALQUER COISA. A CAUSA É QUE NOS MOVE E QUE ENVOLVE A TODOS NESTE PROCESSO, ONDE A FORÇA DO GRUPO IRRADIA E FAZ A ARTE ACONTECER
.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ação Sincera

O que mais me comoveu na nossa intervenção Honestino, aqui, ali, acolá foi uma sinceridade estampada no rosto de cada um de nós. Compreendemos que não fizemos aquilo pela vaidade de estar no Cena, mas por acreditar nesse processo de pesquisa, que pode transformar a nossa visão como humanos e artistas.

Parabéns a todos nós e muito obrigado aos agregados Léo Figueiredo, Jones Schneider, as meninas Geo e Liz, que carregaram a Bandeira do Brasil. Ao apoio de Rosângela nos bastidores da luz e de Tainá/Selma na produção. Ao artista plástico, Fernando Lopes pela arte da camiseta. Tati Bittar e Iuri, produtores do Cena. Guilherme Reis por ter acreditado no trabalho e ter aberto o espaço na programação do festival. A Fernandez e a equipe do Rolla Pedra pela ajuda crucial na luz (O poste público queimou). A Luciano Astiko, querido amigo, grande palhaço, por avisar que a família de Honestino estava presente.


Olha a Polícia!!!!!!!!!!

domingo, 6 de setembro de 2009

Museu do Honestino


Sáb, 05 de Setembro de 2009 17:37
Conceição Freitas - Correio Braziliense


O Museu da República tem, por lei, o nome de Honestino Guimarães, mas poucos sabem disso e a instituição até agora não assumiu a homenagem a um dos mais corajosos e carismáticos líderes estudantis brasileiros.




Honestino ainda era um menino, chegando à adolescência, quando veio para Brasília, no ano da inauguração. O jovem migrante trocou a pequena e goiana Itaberaí pela inacreditável cidade moderna. Veio estudar e fez bonito. Seus boletins revelam que era um dos alunos mais brilhantes do Elefante Branco e depois do Ciem, escolas públicas de qualidade. Brasília era uma cidade de vanguarda — atraídos pelo projeto revolucionário da UnB, aqui viviam grandes nomes das artes e das ciências. Cinco anos depois de ter vindo para Brasília, o garoto goiano passou em primeiro lugar geral no vestibular da UnB de 1965. Curso escolhido: Geologia. Não demorou muito para o jovem calouro se envolver com a militância estudantil e a se integrar à Ação Popular Marxista-Leninista. Dedicou-se tão intensamente que, um ano depois, foi preso por ter pichado palavras de ordem contra o governo militar de Costa e Silva. A UnB protestou o quanto pode contra a ditadura instalada em 1964 e Honestino era um de seus mais vigorosos líderes.



Conta-se que era um encantador de pessoas. Quando subia na mesa e começava a falar, imediatamente uma onda de silêncio dominava o público. Para despistar a polícia política, aparecia e desaparecia com incrível rapidez, o que só aumentava o manto de admiração que o envolvia. Depois da invasão da UnB por um conjunto de forças policiais e militares, em agosto de 1968, Honestino foi expulso da universidade.



Quando o AI-5 armou a guilhotina, o goiano-brasiliense entrou definitivamente para a clandestinidade. Durante cinco anos, exerceu intensa atividade política sob desterro. A família e os amigos insistiram para que ele deixasse o país, mas Honestino se recusou: “Se eu sair daqui, vou me sentir mais morto do que ficando aqui. Não posso desertar, não posso deixar a minha pátria. Se todos fugirem, como fica a pátria?”, ele disse, segundo depoimento do irmão, Norton.



Honestino Guimarães foi preso em 10 de outubro de 1973 pelo Cenimar (Centro de Informações da Marinha), no Rio de Janeiro. Nunca mais dele se teve notícia, nem de seu corpo. Entrou para a lista de desaparecidos políticos, mas o irmão não gosta do termo. Acha bonitinho demais e diz que esconde quatro crimes: sequestro, tortura, assassinato e ocultação de cadáver.



Hoje, sábado (5 de setembro), às dez da noite, alunos e ex-professores do Coletivo Trincheira Cia. de Teatro farão uma “intervenção cênica e política”, nos arredores do Museu da República (obra do mais velho comunista brasileiro vivo), para que o nome de Honestino Guimarães seja integrado à instituição. O grupo é formado por alunos e ex-professores de artes cênicas da Dulcina de Moraes. O protesto faz parte de uma pesquisa que o grupo desenvolve para montar o espetáculo Honestino, guerreiro do povo brasileiro.

1º Apresentação

Ontem, após um mês de nascimento e trabalho intensivo, nos apresentamos.
Primeiro, no fórum de teatro de grupos e a noite com nossa intervenção. Agora as pessoas já sabem que existimos de verdade, e quem somos nós. Estrear num evento como o Cena Contemporânea, tenho certeza que não é pra muitos, mas nós conseguimos.
Entramos com o pé direito e demos ali o nosso melhor. Sei que cometemos alguns vacilos, mas ainda somos novos, acabamos de nascer. Temos um mês de vida! Se em um mês chegamos até aqui, amanhã podemos chegar mais longe, com o passar dos dias vamos aprender mais e mais. O importante é fazer! Tenho certeza que os deuses do teatro abençoaram muito a gente.
A partir de agora, nós como grupo, devemos arregaçar as mangas e trabalhar mais e mais.
Honestino merece a nossa dedicação!!!

Quero agradecer a Familia do Honestino por ter estado lá. Muito obrigado!
Fernando Villar, no próximo livro estaremos nele, rsrs. E obrigado por acessar o blog!
Amigos, família, público... Obrigado por terem nos prestigiado nesse momento tão importante!
Geovana e Liz. Obrigada por serem nossas "mascotes" e por nos trazerem alegrias. Vocês são lindas!!!
Leo, Schneider, Mahoara, Rosualdo. Muito obrigado pela força!
E em especial ao Nosso Querido Pai Celestial, por estar sempre conosco. Pai te amo!!!

Bem... Acho que é isso!!!

Beijo grande a todos...

Hera Augusta

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ê Você, você viu Honestino?


Certa manhã, invadiram a universidade, procuraram Honestino, encontraram-no e o levaram preso; Depois, ele foi expulso da UNB, passou a viver clandestinamente não se sabe onde.E você? Você viu Honestino?"






NOME LINDO, HONESTÍSSIMO, HONESTINO GUIMARÃES. ELE É O MEU FILHO, UM GUERREIRO DO POVO BRASILEIRO, VIVEU A JUSTIÇAS, A LEALDADE; MAS ELES O CRUCIFICARAM. HONESTINO???????????????? E VOCÊ, VC VIU O HONESTINO?



"Honestino figura bela, as moças se encantavam com o príncipe corajoso e os homens, com o herói"

Codinome Angelina Acrata

Sou Tina mais meu codinome nesta sociedade é Angelina Acrata. Até que enfim!!!!!!
Corrammm!!!!!La policia!!!!!!

Batismo de sangue



Foto de Jones Schneider

Coletivo Trincheira Cia. de Teatro faz intervenção cênica e política sábado, às 22h, para exigir que o Museu Nacional assuma publicamente o nome “Honestino Guimarães”

A placa do Museu Nacional está incompleta. O nome oficial de batismo, Honestino Guimarães, está omitido. Esquecimento? Descaso? Intenção? Ocupado em escrever dramaturgicamente a história desse brasileiro arrancado da UnB e morto pela força de repressão da ditadura da militar em 1973, o coletivo Trincheira Cia. de Teatro vai cravar no monumento de Oscar Niemeyer o nome de direito “Museu Nacional Honestino Guimarães”. Na performance Honestino, aqui, ali, acolá, que integra a programação oficial do Cena Contemporânea Festival Internacional de Teatro de Brasília, o grupo brasiliense ocupará sábado (dia 5), às 22h, a Praça do Museu em intervenção cênica e política.
Com embrião que nasceu na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (FADM), o grupo, formado por ex-professores e alunos do curso de artes cênicas, desenvolve pesquisa cênica e colaborativa sobre a trajetória de Honestino Guimarães em ensaios realizados na Escola Parque da 313/314 Sul. O objetivo é montar espetáculo Honestino, guerreiro do povo brasileiro sobre a vida do líder estudantil (presidente da UNE, preso e morto aos 26 anos, em 1973) para exaltar a memória do militante nos 50 anos de Brasília.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Viva ao caos!











Momentos variados, os alongamentos de Sheila, o reconhecimento do vasto material de pesquisa e as improvisações nos ensaios
A gente se reconhece como grupo à medida que toma pra si o mesmo ideal. Apaixonar-se por Honestino sem perder o senso crítico, será possível? Só o tempo dirá. Até lá, o caminho é construído passo a passo, na lama e no caos. Aliás, viva ao caos!

Olha a Polícia!




O simpático policial topou fazer uma foto com a gente

Fizemos um importante exercício proposto por Sheila Campos. As pessoas andavam em um espaço limitado e, ao ouvir determinado nome, todos tinham que imobilizar aquele escolhido, que lutaria para não ser crucificado. Tínhamos trabalhado na semana interior, importante improvisação associando ações a palavras chaves da pesquisa como polícia, medo, angústia, traição, prontidão. De repente, naquele dia, 17 de agosto, aparecem dois policiais para ver o que estava acontecendo durante os ensaios. Alguém ligou achando que era um briga. A gente que começava a dialogar com a autoridade estávamos diante dela. Foi irônico e rico.

Um mês na trincheira





Acima imagens do primeiro encontro, em 3 de agosto, quando fomos apresentado a fragmentos da vida de Honestino Guimarães a partir de crônica de Ana Miranda.

Dia 3 de setembro, completaremos um mês de trabalho. Até lá, foram 8 encontros onde foi pensada essa primeira ideia de intervenção urbana Honestino, aqui, ali, acolá. Vejo que amadurecemos como grupo neste período, formando uma consciência de ouvir o outro sem necessariamente impor essa necessidade de todos se calarem para entender um comando. A ideia de construção dramatúrgica surge pela espontaneidade das observações e ações de cada um. Assim como o coro "E você? Você viu Honestino? nasceu de construção do corpo de mãe de Rogélia, enquanto a corrida para pegar Honestino de um dos essenciais exercícios de Sheila. Formamos então esse corpo que vai se materializar fisicamente no sábado, às 22h, no vão do Museu da República Honestino Guimarães.

1º Ensaio no museu.

Gente... Nosso momento de confraternização no sábado foi MARAVILHOSO!!!
Na verdade, estar ao lado de vocês é sempre maravilhoso.
Agora, o que me chamou muito a atenção foi a receptividade da galera ao nosso 1º ensaio. Era muito engraçado a galera parando pra olhar o que os "loucos" estavam fazendo, rsrsrs.
E aquele senhor que veio tirar foto com a gente então! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Agora eu adorei a piada: - Honestino está lá dentro, esvaziando o intestino!!kkkkkkkkkkkkkk...
Sinceramente, eu achei que a moça do museu quando veio falar com a gente ia reclamar, eu até falei: Tá, já estamos saindo... E ela educadamente, me desculpem atrapalhar vocês, e nos convidar pro Black in Black...

Galera, eu estou contando os dias para que dia 05 chegue... Eu estou muitíssimo ansiosa.
É uma honra poder "estrear" no Cena Contemporânea.
O ensaio de ontem nos mostrou o quanto o processo avançou e isso porque o grupo nasceu há dias, não fizemos nem um mês ainda!
Sou grata de ser uma Trincheira!!!

Beijo grande a todos, boa sorte nos ensaios dessa semana que infelizmente não poderei estar. E MERDA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Hera Augusta