segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Perto Demais" - "dialogando" com o inimigo (?).

Coronel da Reserva disse...

Vocês não aguentam uma pressão. Naquele tempo se caíssem em nossas mãos, se borrariam no primeiro tapa na mesa. Caros, nisto que vocês chamam de democracia, cabe o meu respeito; Vou tratá-lo, digamos, SEM LEVANTAR A VOZ. Mas isso não me impede de vigiar o tempo inteiro este blog, que é público. E cada bobagem postada implicará numa estratégia à altura.
25 de Novembro de 2009 16:07


SheilaCampos disse...

Senhor, aqueles tempos inquisitoriais se foram, Deus queira que para sempre. Ameaças sustentadas em um encontro desigual, no qual alguns poucos estão armados diante de outros sequestrados e desarmados, me parecem fáceis demais.
A questão talvez seja a de que "as armas" mudaram!... Ontem, o senhor pode ter dado tapas em mesas e em pessoas, confiante em suas armas e na impunidade; hoje, não precisamos agredir fisicamente ninguém, mas temos a liberdade de escrevermos, pesquisarmos, publicizarmos o que bem entendermos - o que, parece-me, é o que o incomoda. Sua truculência não esconde alguém "se borrando"? Não me importa seu comportamento ou tratamento. Fique bastante alerta, mesmo, porque meu interesse, ao menos, aumentou significativamente graças às suas bravatas. Até o próximo "encontro".

4 de Dezembro de 2009 10:16


CORONEL DA RESERVA disse...
REVANCHISTAS, REVANCHISMO, QUEREM INVESTIGAR O QUÊ? ESSA PESQUISA AQUI VAI PARAR PORQUE VOCÊS SÃO FRACOS DE CABEÇA, DE CORPO, DE IDEIAS. VOCES NÃO SUPORTAM NADA. NÃO SE ORGANIZAM DE VERDADE. NÃO PRODUZEM NADA DE ÚTIL, INTELIGENTE. SÃO POBRES DE TUDO. REVANCHISTAS.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ficha Pessoal

Honestino Monteiro Guimarães


Dados Pessoais

Nome: Honestino Monteiro Guimarães
Cidade: (onde nasceu)Itaberaí
Estado: (onde nasceu)GO
País: (onde nasceu)Brasil
Data: (de nascimento): 28/3/1947
Atividade: Estudante universitário
Universidade: Universidade de Brasília UnB


Dados da Militância

Organização: (na qual militava) Ação Popular Marxista-Leninista APMLBrasil
Prisão: 10/10/1973 Rio de Janeiro RJ Brasil Também esteve preso no Pelotão de Investigações Criminais (PIC) de Brasília e no Centro de Informações da Marinha (CENIMAR).
Morto ou Desaparecido: Desaparecido 0/0/1973 Rio de Janeiro RJ Brasil


Clandestinidade

Dados da repressão

Orgãos de repressão (envolvido na morte ou desaparecimento) Centro de Informações da Marinha CENIMAR Brasil Pelotão de Investigação Criminal PIC Brasil

Biografia


Documentos

Artigo de jornal
Quadro publicado em artigo do jornal O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 set. 1990. Traz os nomes, organização a qual pertenciam e data da morte de militantes, cujos corpos foram encontrados na década de 80 no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Entre eles: Luís Eurico Tejera Lisboa, Iuri Xavier Pereira, Alex Xavier Pereira, Sônia Maria Lopes de Moraes Angel Jones, Joaquim Alencar de Seixas, Antônio Benetazzo, Carlos Nicolau Danielli e Gelson Reicher. Também traz as mesmas informações de militantes, cujos corpos podem estar nesse cemitério: Aylton Adalberto Mortati, Hioraki Torigoi, José Roberto Arantes de Almeida, Dimas Antônio Casemiro, Denis Casemiro, Devanir José de Carvalho, Frederico Eduardo Mayr, Flávio Carvalho Molina, José Roman, Honestino Monteiro Guimarães e Virgílio Gomes da Silva.

Artigo de jornal
Rocha, Raimundo.
Honestino pode ter sido morto em Recife. Correio Braziliense, Brasília. 26 abr. 1992.
Biografia de Honestino contendo informações sobre o período em que atuou politicamente na Universidade de Brasília, sua entrada para a clandestinidade após o Ato Institucional 5 e seu desaparecimento. Informa também a retomada das investigações sobre as reais condições de seu desaparecimento pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF, pelos familiares e pelo deputado federal José Luiz Clerot. Segundo o deputado, o comando da repressão planejou uma operação para que a morte de Honestino, em decorrência de torturas sofridas na prisão, não tivesse nenhuma conexão com sua passagem no cárcere.

Artigo de jornal
Onde está Honestino?
Anistia, Rio de Janeiro, n. 4, mar./abr. 1979. p. 8.
O artigo traz a biografia de Honestino Monteiro Guimarães que foi líder estudantil na Universidade Nacional de Brasília (UnB) e o último presidente eleito da UNE até então. Foi preso algumas vezes a partir de 1964 e em 1973 escreveu uma carta denunciando as ameaças que sofria, motivo que o levou à prisão novamente. Desde então está desaparecido. Os membros da UNE, que acreditam que ele foi assassinado querem saber seu paradeiro, tornando Honestino o tema do Congresso de reconstrução da UNE. São lembrados outros membros da UNE que também forma mortos: Helenira Rezende, Gildo Lacerda e Umberto Câmara Neto. O artigo traz também uma poesia escrita por Honestino.
FotoFoto de rosto com identificação em papel timbrado da Secretaria de Segurança Pública, com carimbo do arquivo do DOPS/SP, de 08/10/73.
FotoFotos originais e preto e branco de busto.
Livro
Comitê Brasileiro de Anistia e Comissão de Familiares de Desaparecidos Políticos Brasileiros - familiares, amigos e ex-militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML). "Onde estão? - desaparecidos políticos brasileiros". 44 p.
Possui a foto de Honestino Monteiro Guimarães à capa, presidente da UNE em 1973 e um dos militantes visados pelo regime militar, além da biografia e documentos referentes a outros mortos ou desaparecidos pela repressão de 1968 a 1973. Material produzido por volta de 1983 como homenagem e instrumento de luta para que estes fatos não voltem a acontecer e para que sejam prestadas contas sobre o paradeiro destas e muitas outras pessoas. Inclui transcrição de alguns artigos de jornais sobre desaparecidos políticos e listas com nomes dos desaparecidos e mortos políticos desde 1964.
Folheto
Documento elaborado provavelmente por familiares, por volta de 1974, denunciando que o seqüestro e o desaparecimento de pessoas presas pela polícia política brasileira não constituem casos isolados. Comunica que a Arquidiocese de São Paulo prepara um dossiê que será enviado ao Vaticano com os nomes e detalhes sobre as prisões arbitrárias e o posterior desaparecimento dos presos. Informa casos de vários desaparecidos, cujos familiares lutam sem sucesso por informações. Cita o desaparecimento precedido de prisão, a 23/02, dos estudantes Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira; a prisão do professor Luiz Ignácio Maranhão em 04/03, presumivelmente pelo delegado Sérgio Fleury e seu posterior desaparecimento; prisão e desaparecimento de David Capistrano, de 60 anos, e José Roman, de 55 anos, acusados de pertencerem ao Partido Comunista Brasileiro (PCB); a prisão, no ano anterior, de Honestino Guimarães, líder estudantil do DCE de Brasília, juntamente com o estudante Humberto Câmara Neto, ambos desaparecidos desde 09/73; o desaparecimento, também nesta época, do deputado cassado em 1964, Paulo Stuart Wright, preso em São Paulo; a prisão dos jovens Alexandre Vannucchi, José Carlos da Mata Machado e Gildo Lacerda e a divulgação na imprensa pelos órgãos de segurança, semanas depois, de suas mortes por "atropelamento" e em "tiroteio com a polícia". Também transcreve alguns trechos da carta enviada ao Ministro da Justiça, Dr. Armando Falcão, em 03/04/74, sobre o desaparecimento de Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, solicitando que seja informado o paradeiro de ambos.

Prontuário/
DossiêDocumento do DOPS/PR relatando as atividades políticas e prisões, mandado de prisão expedido pelo II Exército e informações de processos, condenações e declarações relacionados a Honestino entre 1972 e 1975.Prontuário/ DossiêDocumento do Setor de Análise, Operações e Informações, da Divisão de Ordem Social, do DOPS/SP, sobre Honestino, membro da Ação Popular Marxista-Leninista (APML), contendo: dados pessoais; relatório sobre as atividades políticas a partir de 1965 como estudante da Universidade de Brasília e consecutivas prisões, até 1969, quando é considerado foragido; informações extraídas de documento do arquivo do DOPS cobrindo o período de 1967 até 1979, relacionados à militância, relações com outros membros de organizações de esquerda, condenações pela Justiça Militar e dados sobre seu desaparecimento; fichas pessoais com dados resumidos do período de 1966 a 1973 sobre atividades políticas, condenações pela Justiça Militar e de artigos de jornais sobre seu desaparecimento.

Prontuário/ Dossiê
Prontuário do Ministério do Exército com dados pessoais e histórico de atividades políticas. Algumas páginas estão pouco legíveis.Evento/ HomenagemConvite para a inauguração dos viadutos do Complexo João Dias em São Paulo, em 19/09/92, cujos nomes fazem homenagem a três mortos políticos: Honestino M. Guimarães, Sônia Moraes Angel e Frederico Eduardo Mayr.

Evento/ HomenagemHomenagem aos desaparecidos políticos por meio de ato de oficialização dos nomes das ruas do Jardim da Toca, em São Paulo, SP, em 04/09/91, contando com a presença da prefeita Luíza Erundina, do vereador Ítalo Cardoso, dos familiares dos homenageados e de representantes da sociedade. Homenageados: Ana Rosa Kucinski Silva, Antônio Carlos Bicalho Lana, Antônio dos Três Reis Oliveira, Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, Aylton Adalberto Mortati, Elson Costa, Hiran de Lima Pereira, Honestino Monteiro Guimarães, Ieda Santos Delgado, Maria Lúcia Petit da Silva e Sônia Maria de Moraes Angel Jones. Acompanha convite para a solenidade.LegislaçãoLei 9.140/95.

Diário Oficial, Brasília, n. 232, 5 dez. 1995. Reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, entre 02/09/61 a 15/08/79, e que por este motivo tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, desde então, desaparecidas, sem que delas haja notícias. No Anexo I desta Lei foram publicados os nomes das pessoas que se enquadram na descrição acima. Ao todo são 136 nomes.

Cartaz
Documento elaborado por familiares de desaparecidos e pelo Comitê Goiano pela Anistia, procurando notícias de Marco Antônio Dias Batista, Honestino Monteiro Guimarães, Paulo de Tarso Celestino da Silva e Ismael de Jesus Silva.

http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoa.php?id=293&m=3

Congresso de Ibiúna


John Kennedy Ferreira*
"Nunca, porem, tomamos a decisão de cerrar as portas da entidade ou renunciar aos mandatos. Estou convencido de que essa atitude de resistência, sem capitulação e sem derrota definitiva, facilitou a reorganização da entidade máxima dos estudantes brasileiros alguns anos depois, sem uma lacuna abissal que liquidasse a tradição e a memória coletivas". Mesmo depois do seu desmantelamento, nos muros das universidades mutiladas, ainda podia se ler: "A UNE SOMOS NÓS!".

Ronald Rocha

Diretor da UNE - gestão 1971-73

A bastante conhecida a história do XXX Congresso realizado em Ibiúna (1969) que resultou na prisão de quase todos os seus membros inclusive de alguns importantes personagens atuais como Zè Dirceu, Vladimir Palmeira, José Genuíno, Jean Marc Von der Weid e Franklin Martins.Sabe-se que com a edição do AI 5, a UNE e seus dirigentes entraram na clandestinidade, Jean Marc von der Weid, então presidente eleito da entidade ligado a Ação Popular Marxista Leninista -APML - foi preso no fim de 1969 e Honestino Guimarães - por pertencer a esta mesma corrente - assumiu a presidência interina da entidade.Em setembro de 1971, em plena ditadura Médici quando a perseguição aos opositores e suas entidades se intensificou, na clandestinidade foi realizado na baixada fluminense o XXXI Congresso da UNE, Honestino Guimarães foi reconduzido a presidência. A eleição se deu com presença de 200 delegados eleitos em encontros regionais precedida de assembléias nas faculdades convocadas por C.a.s, D.a.s, conselhos de turma

A atuação da UNE estava bastante restrita pela perseguição da ditadura e a maioria de seus membros agiam clandestinamente, mas mesmo assim realizaram atividades apoiando lutas especificas nas faculdades, organizando o show da velha guarda da Portela, eventos relativos aos 50 anos da semana de Arte Moderna. E também propagandeando a luta democrática por direitos humanos contra a prisão, tortura e mortes nos porões da ditadura como o assassinato de Alexandre Vanucchi Leme,Em outubro de 1973, Honestino Guimarães e Umberto Câmara Neto foram presos �. Em 12 de Março de 1996, após muitas ações judiciais e gestões polí­ticas foi entregue a famí­lia de Honestino o seu atestado de óbito onde mencionava sua morte. As causas não são citadas e até hoje são desconhecidas.

Como ele foi preso pela Marinha, seu irmão Norton Guimarães, cogitou que seu corpo fora perfurado na barriga (para não boiar) e jogado ao mar, como era prática do Centro de Informação da Marinha, o temí­vel CENIMAR. Em recente pronunciamento na câmara de deputados, Manuela D’ávila (PcdoB-RS) expôs que há depoimentos (citando o livro Sem Vestígios� de Tais Moraes ) dizendo que este teria sido morto em 1974 meses após o seu desaparecimento e seu corpo teria sido enterrado as margens do Rio Araguaia, ao lado de Guerrilheiros do Araguaia.

O estranho que este governo que tem um presidente da república ex-preso polí­tico, que tem uma importante Ministra que igualmente foi presa e torturada pela ditadura, outro ministro preso no congresso de Ibiúna e mais um, ex presidente da UNE não tenha solicitado até o presente momento uma investigação sobre o paradeiro dos restos mortais deste brasileiro.Neste ultimo julho, no congresso da UNE um passo importante foi dado no sentido de resgatar um dos momentos mais dramáticos e heróicos da entidade e de seu presidente assassinado pela ditadura. Foi apresentada pelo estudante Glauco Araújo (coordenador do DCE da UFRS, membro da corrente Libre ), moção de resgate do XXXI Congresso realizado em 1971.

A moção foi aprovada por aclamação. Glauco se apoiou em depoimento de Ronald Rocha, ex-diretor da gestão de 1971-73 e no importante levantamento feito pelo historiador Augusto Buonicore. Tão importante quanto o gesto de Glauco Araújo e dos aplausos no Congresso da UNE ao resgate e a justiça que se faz da história de Honestino Guimarães, da UNE e dos que lutaram contra a ditadura e pela democracia brasileira e ali tombaram.

O congresso de reconstrução da UNE feito em 1979 recebeu a numeração de XXXI e não XXXII, pois este encontro não reconheceu o congresso de 1971.Se for levada em conta esta importante página perdida da história da UNE, o atual Congresso seria LII e não LI. Em 2011 completarão 40 anos desse momento histórico, talvez a melhor homenagem que a atual geração possa prestar a Honestino Guimarães , Umberto Câmara , Helenira Resende, Antonio Ribas, Gildo Macedo Lacerda (e outros tantos) seja o reconhecimento (numérico) de que seus esforços, suas vidas não foram esquecidas e que a luta por justiça social continua viva!*John Kennedy FerreiraMestre em Ciência Polí­tica PUC-SPProfessor da PMSP

Honestino Guimarães foi morto no Araguaia?

Preso e torturado no tempo da ditadura civil-militar, o jornalista e historiador Jarbas Silva Marques, do Instituto Histórico e Geográfico de Brasília, é um dos maiores conhecedores da história das guerrilhas brasileiras. Na terça-feira, 17, disse ao Jornal Opção, em Brasília, que o goiano Honestino Guimarães, presidente da União Nacional dos Estudantes e estudante de geologia na Universidade de Brasília, foi assassinado no Rio de Janeiro, pelo grupo do delegado Sérgio Paranhos Fleury. José Carlos da Mata Machado havia sido delatado aos homens de Fleury pelo cunhado, Gilberto Prata, residente em Goiânia e protegido de um conhecido esquerdista. Prata vendeu-se a Fleury. Por grana e para salvar a própria pele. Honestino foi preso porque mantinha contato com José Carlos. A história narrada por Taís, a partir dos apontamentos de Ivan-Carioca, apresenta outra versão. Honestino “foi preso em outubro de 1973, no Rio de Janeiro, e levado para Brasília, de onde não tardou muito a ser levado a outro destino. Era um dos passageiros do jatinho da empresa Líder, contratado pela Presidência da República, e que levou quatro militantes de esquerda para a cidade de Marabá, em pleno Araguaia: dois brasileiros e dois estrangeiros, um francês e outro argentino. Carioca, mais uma vez, foi testemunha ocular. Não sabia de onde o avião decolara, mas viu muito bem quem saiu dele. Quem os escoltava era o coronel Jonas, da Aeronáutica, acompanhando por quatro agentes da equipe. O comandante da Casa Azul os recebeu numa caminhonete. Encostou bem perto da aeronave, de onde os quatro prisioneiros foram rapidamente retirados e amontoados no interior do veículo. Todos estavam dopados e com capuz. [...] A intenção era bem clara: levar aquelas pessoas ao interior da selva no Araguaia para matá-las. [...] Quando os presos chegaram à Casa Azul, Carioca reconheceu perfeitamente o rosto de Honestino, então com 26 anos. [...] Ouviu, então, o coronel Jonas dizer ao comandante da área que o outro rapaz era Eduardo Leite, o Bacuri”, da Ação Libertadora Nacional. As versões apresentadas, até agora, dão como certo que Bacuri foi barbaramente torturado e morto em São Paulo. Os militares o consideravam um quadro extremamente violento e perigoso. Ivan-Carioca integrou o grupo de execução. Um dos prisioneiros, supostamente francês, teria dito: “Pô, cara, não faz isso comigo não! Deixa que eu mato os três pra vocês, e ainda sirvo de informante para o que quiserem”. Um dos executores tinha o codinome de Paraíba e sua descrição parece com a do sargento Santa Cruz, aliado do major Curió. Os “grupos de extermínio tinham, como a equipe de Carioca, um acordo tático de manter suas identidades sob sigilo absoluto, em qualquer circunstância. Abrir o bico significava morte certa. Alguém se disporia a fazer o ‘serviço’”, escreve Taís. Um cabo costumava dizer, ao ser perguntado o que acontecera, ao voltar de caçadas proveitosas: “Entrou pra a VPC, a Vanguarda Popular Celestial”. (Euler de França Belém)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O ataque do Coronel ao nosso blog.

Coronel da Reserva disse...

Caros, estamos monitorando este BLOG. Vocês estão passando da conta... Reproduzo um artigo publicado no Usina das Letras

Enquanto antigos assaltantes são promovidos a ministros (Aloysio Nunes Ferreira, Zé do Caroço, Carlos Minc), a Peste Vermelha continua perseguindo militares que combateram o comunismo no Brasil.

Se fosse na Europa, esses antigos meliantes estariam apodrecendo no xadrez, como ocorreu com seus colegas terroristas do Baaden-Meinhof (Alemanha) e das Brigadas Vermelhas (Itália).

Aqui, porém, os antigos criminosos andam leves e fagueiros, e são alçados a altos cargos na atual república bananeira dos bandidos. E recebem indenizações milionários pelos crimes cometidos, fato único no mundo. E no Brasil ainda se fala em piada de português...

Por trás dessa tramóia satânica está o sebento ministro da inJustiça, o maldito Comissário do Povo Tarso Genro, a quem Bolsonaro devidamente chamou de "terrorista e mentiroso". Olhem só a lógica de Tarso, sinistra e tortuosa como toda cabeça de comuna: "Alguns deles, de boa-fé, dizem que a anistia foi feita para todos, inclusive para os torturadores. Muito bem, se ela foi feita para os torturadores, eles têm de ser julgados, têm de receber uma pena e depois receber a anistia" (Correio Braziliense, 16/5/2008, pg. 8).

Ora, a anistia foi geral e irrestrita. Foi um erro, porque livrou a cara de muito assassino e muito terrorista. Mas tem que ser respeitada, pelos dois lados do combate. Querer trazer a julgamento militares que teriam matado e torturado durante os anos da matraca esquerdista, mesmo que isso seja verdade, é rasgar a Lei da Anistia e atentar contra a democracia. É torturar os autênticos heróis nacionais, já em idade avançada, que deram os melhores anos de sua vida para combater a Peste Vermelha, impedindo que aqui se instalasse uma Cuba de dimensões continentais.

Palavra mágica, essa, a tortura! Como se ela não tivesse sido aplicada pela Peste Vermelha à qual Tarso pertence contra o tenente Alberto Mendes Jr., da polícia de São Paulo, que teve a cabeça destroçada pela coronha de um fuzil, sob as ordens de Lamarca. A tortura que o embusteiro ministro repudia é aplicada diariamente no Brasil, em delegacias de polícia e nas prisões, como provam denúncias periódicas feitas pela ONU. E o que Tarso diz a respeito? Nada. Ou melhor, diz que tudo não passa de mentira. Como a mente de todo comuna funciona à base da mentira, acha que todos também são mentirosos.

Unem-se à trambicagem policialesca da Peste Vermelha do Comissário Tarso a ABI e a OAB - como sempre -, entidades que foram rápidas em pedir o impeachment de Collor, porém não se cansam de endossar o corrupto governo Lula, já que nunca aventaram a hipótese de pedir outro impedimento de um presidente da República. São todos farofa do mesmo tacho, que criticam os governos militares do Brasil, porém não se cansam de apoiar vermes totalitários como o Abutre do Caribe, o "coma andante" Fidel Castro.

Meu total apoio aos coronéis Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel, por terem combatido com todo o vigor a Peste Vermelha. Parabéns pelo belo trabalho feito! Pena que muitas cabeças, na época, deixaram de rolar. A faxina não foi feita a contento, como se comprova agora. Na próxima oportunidade, Srs. Ustra e Maciel, podem ter certeza de que todas as cabeças da hidra vermelha serão devidamente decepadas, para o bem de toda a nação brasileira!


SheilaCampos disse...

Sabemos que os esquerdistas também sequestraram e torturaram. Em escala infinitamente menor, entretanto...
É importante que retratemos também o outro lado daquele embate. Podemos utilizar suas opiniões, sem distorcê-las, para construir nossa dramaturgia? Autoriza-nos? Obrigada.


Coronel da Reserva disse...

Minha senhora, é lamentável este seu comentário, como é lamentável este BLOG, esta pesquisa, este sei lá o quê. O que a senhora chama de dramaturgia? Autorizar o quê? Não entendo nada disto. Entendo que há uma distorção histórica, um revanchismo. A senhora sabe do que estamos falando? De quanto sangue foi derramado? Equivoca-se nessa asneira de "esquerdistas também sequestraram e torturaram"... Fomos um rolo compressor que passamos por cima da Peste Vermelha. Já vivenciou pisar com o pé direito numa mancha doce e negra de formigas, Foi com este prazer que desmantelamos os aparelhos. Eles sequer nos arranharam. Pesquise mais e melhor. Essa imprecisão histórica me deixa mais tranquilo...

Sérgio Maggio disse...

Coronel, o senhor tem sucessivamente invadido o nosso blog com comentários, por vezes, ameaçadores e agressivos, típicos de quem não quer dialogar. Acolhemos educadamente o seu discurso, mas não dá para aceitar que o senhor desqualifique a nossa companheira, atriz, pesquisadora séria, profissional ética e com fortes sentimentos de justiça social e direitos humanos. Se o senhor quiser continuar tendo um alguma atenção neste blog, respeite as pessoas, em que pese as suas convicções políticas e ideológicas, que nós respeitamos.

sábado, 21 de novembro de 2009

A voz do Doi-Codi

Impressionante o depoimento do ex-agente do Doi-Codi Marival Chaves no longa-metragem Perdão, mister Fiel, de Jorge Oliveira, no Festival de Brasília. Olha só o que ele diz:
"O coronel Audir Santos maciel injetou droga para matar cavalos em pelo menos duas pessoas"
"Os arquivos que envolveram operações clandestinas, mortes e ocultações de cadáveres jamais virão a público"
É de arrepiar

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A beira- mar

Risonho e escaldante o sol convida-nos a ir a beira-mar neste domingo alegre.
Logo o delírio das cores inicia-se, tingindo a pálida praia.
Risos, mar, areia, céu, crianças, guarda-sóis, banhistas, dão-lhe um curioso e belo colorido!
Até a tarde prolonga-se a azáfama multicor...
Então volta a praia, a sua solitária palidez, ao lado do calmo escuro anil do oceano, iluminada pela clara notívaga rainha das noites. Junto a ela apenas uns tardios românticos pares.
Assim imagino o mar, o colorido da praia... do mar e praia que nunca vi.
Honestino Guimarães

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

1965 (Duas Tribos) Legião Urbana

Vou passar/Quero ver/Volta aqui/Vem você/Como foi/Nem sentiu/Se era falso/Ou fevereiro/Temos paz/Temos tempo/Chegou a hora/E agora é aqui/Cortaram meus braços/Cortaram minhas mãos/Cortaram minhas pernas/Num dia de verão/Num dia de verão/Num dia de verão/Podia ser meu pai/Podia ser meu irmão/Não se esqueça/Temos sorte/E agora é aqui./Quando querem transformar/Dignidade em doença/Quando querem transformar/Inteligência em traição/Quando querem transformar/Estupidez em recompensa/Quando querem transformar/Esperança em maldição:/É o bem contra o mal/E você de que lado está?/Estou do lado do bem/E você de que lado está?/Estou do lado do bem./Com a luz e com os anjos/Mataram um menino/Tinha arma de verdade/Tinha arma nenhuma/Tinha arma de brinquedo/Eu tenho autorama/Eu tenho Hanna-Barbera/Eu tenho pêra, uva e maçã/Eu tenho Guanabara/E modelos revell/O Brasil é o país do futuro/O Brasil é o país do futuro/O Brasil é o país do futuro/O Brasil é o país/Em toda e qualquer situação/Eu quero tudo pra cima/Pra cima/Pra cima


"Essa música é sobre um momento do nosso país, em que de repente fechou tudo. Eu acho sempre importante lembrar - eu, pelo menos, gosto sempre de me lembrar - que hoje a situação pode estar difícil para caramba, mas a gente tem uma coisa muito preciosa que é a liberdade. Então eu posso vir aqui cantar, vocês podem vir aqui, vocês fazem o que vocês quiserem. Isso eu acho uma coisa muito, muito importante... A gente se esquece de que, até pouco tempo atrás , dependendo das idéias que seu pai tivesse, seu irmão, seu namorado, ia bater gente na sua casa, eles iam pegar essa pessoa, e você nunca mais ia saber o que tinha acontecido com essa pessoa. E ficou por isso mesmo, e não se fala nisso. É uma coisa muito perigosa, eu acho a idéia: "Não a gente era feliz naquela época." Gente, eu não me lembro de ser feliz naquela época não! Fazer redação dizendo que o presidente é maravilhoso, quando, muito, muito tempo depois, a gente descobre que as pessoas estão sendo mortas, em nome de uma grande coisa que não se sabe o que é. Eu acho isso péssimo. E a música é sobre isso, a música fala especificamente de tortura e fala dessa idéia toda de o Brasil ser o país do futuro. É sobre como seria legal se a gente encaminhasse o Brasil para ser um lance legal, porque chega de ser o país do futuro! A gente tem que ser o país do presente, a gente tem que viver agora. "
Renato Russo (1994)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Nova Fase.

Lidas: a biografia de Honestino Guimarães, a partir da perspectiva de sua mãe, dona Rosa; e matérias jornalísticas recentes sobre o movimento estudantil versus a repressão, cada integrante do grupo foi convocado a criar uma curta cena, de até cinco minutos, representando aqueles personagens verídicos, mencionados em alguma das duas fontes.

E assistimos a interpretações de dona Rosa; de um dos agentes da repressão; e do próprio Honestino, ou de todos aqueles jovens que acreditaram radicalmente em um ideal.


A POÉTICA, de Aristóteles XV.

Livro XXV


►O Livro XXV, o autor retoma a idéia de que “o poeta é um imitador, como o pintor e qualquer outro artista. E imita necessariamente por um dos três modos: as coisas, tal como eram ou como são; tal como os outros dizem que são, ou que parecem; tal como deveriam ser” (p. 70).


►Aristóteles averigua, no desempenho dos imitadores, dois tipos de erros: erros artísticos – não representar adequadamente determinada coisa -, e erros acidentais.

►Analisa uma série de expressões em diversos poemas de modo a averiguar se eles correspondem à realidade ou não; se representam metaforicamente uma realidade plausível, ou se consistem em erros em função de desconhecimento (pp. 71-73).


►Na poesia, “o impossível convincente tem preferência ao possível que não convence” (p. 73).

►A crítica das artes, dessa forma, são de cinco espécies: impossibilidade; maldade; irracionalidade; contradição; e violação às regras da arte (p. 73).


Livro XXVI


►No último Livro da Poética, Aristóteles confrontará a poesia épica frente à poesia dramática. “Qual a melhor imitação, a épica ou a trágica”, é a questão que formula.


►O autor começa explanando sobre uma crítica aparentemente comum na cidade, que associa o exagero das interpretações dos atores à necessidade de um público menos culto de compreender a fábula.

“Diante de espectadores incultos, e para que compreendam a representação, fazem os atores todo tipo de movimentos…” (p. 74).

►Desse modo, a epopéia visaria uma platéia mais nobre, que “dispensam a gesticulação”; enquanto “aos toscos se destina a tragédia, que, por vulgar, evidentemente é inferior” (p. 74).

►Surpreendentemente, o autor contradiz a crítica corrente; alega que exageros podem ocorrer na declamação da epopéia, por qualquer aedo ou rapsodo (p. 74).

►Afirma, ainda, que a tragédia alcança seu objetivo mesmo sem a encenação, bastando lê-la para ter suscitados sentimentos.


►Conclui que “a tragédia é superior porque, além de todos os méritos da epopéia (chega a valer-se do metro épico), conta também com a música e o espetáculo cênico, partes que lhe aumentam o prazer peculiar. De mais a mais, apresenta qualidades tanto quando lida como quando encenada” (p. 74).


Defende, também, que a tragédia tem “o mérito de imitar plenamente numa extensão menor”; que “é menos unitária a imitação das epopéias”; e, o mais importante, é ainda melhor por atingir o objetivo próprio da arte, “pois produz não qualquer prazer, mas o indicado”, e, alcançando melhor sua finalidade, “é superior à epopéia” (p. 75).

A POÉTICA, de Aristóteles XIV.

(Continuação)

Livro XXIII



►No Livro XXIII, o filósofo retornará à forma da poesia épica. Estas devem apresentar “estrutura dramática; devem compor-se de uma única ação, inteira e completa, com começo, meio e fim, para que, como um ser vivente uno e inteiro, provoque o prazer que lhe é típico” (p. 67).


►Os poetas não devem ambicionar contar todo o ocorrido em um tempo, mas apenas um evento, como fez Homero na Ilíada, onde não pretendeu narrar toda a Guerra de Tróia, mas um fragmento dela.


Livro XXIV


►A epopéia é composta das mesmas partes da tragédia, com exceção da música e do espetáculo cênico. Deve ter as mesmas espécies que a tragédia: “simples, complexa, de caracteres, catastrófica” (p. 68).


►Também deve conter peripécias, reconhecimentos, catástrofes.

►Da mesma maneira, deve ser composta com belas idéias e falas.

“A epopéia e a tragédia diferenciam-se quanto à extensão e à métrica” (p. 68).

►"Ao contrário da tragédia - em que se desenvolve somente uma cena, porque não há como mostrar muitas partes da ação a um só tempo -, a epopéia permite, como narrativa, o desenrolar de diversas ações na mesma época; estas, em harmonia com a principal, enobrecem a poesia” (p. 68).

►Aristóteles considera esse fator uma vantagem sobre a tragédia, podendo despertar ainda mais o interesse do público.

►Prossegue afirmando que “o único metro apropriado à epopéia é o heróico”, porque o heróico “é o mais solene e amplo, e por esse motivo acolhe melhor as palavras raras e as metáforas – o que torna a imitação narrativa, também por esse detalhe, superior a outras” (p. 69).

►O autor define que, nas fábulas, nada deveria haver de irracional. Mas, resistindo esse na narrativa, deve ser suplantado pela beleza oferecida pelo poeta por meio da linguagem (p. 70).

A POÉTICA, de Aristóteles XIII.


Livro XXI



Ainda dentro do tema da linguagem, o filósofo se demorará sobre os tipos de nomes.

►Há nomes simples, duplos, triplos, quádruplos, múltiplos (p. 63).

►Cada nome é corrente, estrangeiro, metafórico, ornamental, inventado, alongado, abreviado, ou modificado (p. 63).

►Dentre os supracitados, destaca-se a metáfora. Na definição aristotélica, metáfora é “a transferência do nome de uma coisa para outra” (p. 63).

►O autor define, ainda, analogia: termo que substitui outros, relacionando-se com os demais da frase. Exemplo: “A taça é para Dioniso o que o escudo é para Ares; assim, dir-se-á que a taça é o escudo de Dioniso, e o escudo, a taça de Ares” (p. 64).

►Nome inventado, para o autor, é aquele criado pelo poeta, não usado por ninguém (p. 64).

►Nomes alongados ou abreviados têm suas sílabas alongadas ou abreviadas (pp. 64-65).

►“No nome modificado, parte permanece igual e parte se altera” (p. 65).

►“Em si, os nomes são masculinos, femininos ou neutros” (p. 65).



Livro XXII

►Para a composição das tragédias, Aristóteles considera que a linguagem deve ser clara e sem vulgaridade. Assim, deve utilizar-se de palavras correntes. Mas, mais que isso, a linguagem da tragédia deve ser nobre; para tanto, deve empregar termos raros.




“Denomino termos raros os metafóricos, os alongados e todos os que fogem ao uso corrente” (p. 65).

“Está clara a necessidade de misturar todos esses gêneros de vocábulos. Retiram da linguagem o caráter vulgar, elevando-a acima do comum, a metáfora, o adorno, as palavras estrangeiras; os termos correntes, por sua vez, proporcionam-lhe clareza” (p. 65).




“Dos nomes, os duplos são os mais adequados aos ditirambos; os estrangeiros, aos versos heróicos; as metáforas, aos jâmbicos. Mas todos podem ser usados nos heróicos; nos jâmbicos, porque imitam a fala corrente, são apropriadas as palavras adotadas na conversação, a saber: palavras correntes, metáforas e adornos” (p. 67).

A POÉTICA, de Aristóteles XII.

Livro XVIII




“Toda tragédia se compõe de um enredo e de um desfecho” (p. 59).



Enredo
“Todos os acontecimentos” – mesmo aqueles passados fora da peça – e os que se encontram nela formam o enredo.
“O enredo é tudo aquilo que vai do início da tragédia até o ponto em que se dá a mudança que leva da felicidade ao infortúnio”.

Desfecho
“Quanto ao desfecho, vai do começo da mudança ao final da peça” (p. 59).



►Após essa determinação, Aristóteles classifica em quatro os tipos de tragédias:
►I. A Complexa, composta inteiramente de peripécias e reconhecimento;
►II. A Catastrófica, como as de Ájax e as de Íxion;

►III. As de Caracteres, como as Ftiótidas e Peleu;
►IV. As Episódicas, como as Filhas de Fórcis e as acontecidas no Hades.



►O autor reforça a necessidade de se respeitar a extensão apropriada à tragédia; e, na sequência, alerta que “também o coro deve ser considerado personagem, integrado ao todo da ação” (p. 60).

Livro XIX


►No âmbito da retórica, as idéias produzem resultados por meio das palavras, podendo “demonstrar, refutar e suscitar emoções como compaixão, terror, raiva e outras, semeslhantes, além de valorizar e desvalorizar coisas” (p. 61).

►Na poesia, contudo, esses sentimentos devem advir “unicamente da ação, sem expressar-se formalmente” (p. 61).

►É imprescindível estar atento, ainda, às variedades da linguagem.


►O ator e os especialistas devem ter conhecimento dessas variações possíveis da linguagem. “Estamos nos referindo a distinguir uma ordem, uma súplica, uma ameaça, uma pergunta, uma resposta e outras semelhantes” (p. 61).

Livro XX


►Aqui, o autor determina as partes da linguagem.

“São as seguintes as partes da linguagem: letra, sílaba, conectivo, articulação, nome, verbo, artigo, flexão, frase” (p. 61).


Letra
Um som indivisível. Não abarca sons produzidos por animais.

Sílaba
Som sem significado, formado por uma letra muda e outra com som.

Conectivo
Som sem significado próprio, mas que não impede nem causa a composição de uma frase sempre nos extremos ou no meio de uma frase, nunca em seu início.

Articulação
Som sem significado que indica o início, ou o fim, ou a divisão de uma frase.

Nome
Som composto e significativo, sem referência a tempo, do qual nenhuma parte é, em si, significativa.

Verbo
Som composto, com significado, que indica o tempo. Quando sozinho, não tem sentido próprio, como o nome.

Flexão
É ocorrência do nome ou do verbo que expressa as relações de casos, como de ou a e congêneres; ou dá a idéia de plural ou singular; ou, com inflexão, indica uma indagação ou uma ordem.

Frase
É uma composição significativa de sons. Algumas de suas partes têm significado próprio. De dois modos, a frase é una: ou quando designa uma coisa isoladamente, ou um conjunto de coisas ligadas.

A POÉTICA, de Aristóteles XI.

(Continuação)

Livro XVI

No Livro XVI, o autor discorrerá sobre os vários tipos de reconhecimento.

Julga o menos artístico, embora o mais frequente, o reconhecimento que se dá por meio de sinais. Sinais externos, como estrelas, ou adquiridos, como cicatrizes, ou colares, ou cestinhas. O filósofo argumentará que melhores serão os reconhecimentos que advirem de peripécias, como o banho (de Odisseus).

Outro tipo de reconhecimento não-recomendável é aquele “forjado pelo poeta”, como “na Ifigênia, de quando Orestes revela quem é; Ifigênia é reconhecida pela carta, ao contrário de Orestes, que usa as palavras que o poeta quer que ele uso, não as que o mito requer” (p. 56).


Electra - Hermann Wilhelm Bissen 1798-1868

“O terceiro tipo de reconhecimento é produzido pela memória, despertada por impressões causadas por algum objeto visto, como nos Cíprios, de Diceógenes, em que, ao olhar o quadro, a personagem chora; também é o caso da narrativa de Alcínoo, em que Ulisses, ao ouvir o tocador de cítara, chega às lágrimas em função das lembranças; e por isso é reconhecido” (pp. 56-57).

“O quarto tipo utiliza-se de silogismos, como nas Coéforas. O raciocínio é este: chegou alguém que se parece comigo; ninguém é parecido comigo senão Orestes; portanto, Orestes chegou (…)” (p. 57).



►“Também há o reconhecimento construído num paralogismo da platéia, como no Ulisses, falso mensageiro; o fato de Ulisses, somente ele (…) ser capaz de armar o arco é uma invenção do poeta, apenas suposição, mesmo que em certo momento o herói declaresse ter reconhecido o arco sem o haver visto. O paralogismo está em o espectador supor que o reconhecimento de Ulisses se dê dessa maneira” (p. 57).


Os melhores reconhecimentos, segundo o filósofo, “derivam da intriga; causam surpresa por meio de acontecimentos plausíveis, como no Édipo, de Sófocles, e na Ifigênia, pois é admissível que ela desejasse confiar uma carta. Apenas esses reconhecimentos dispensam artifícios, sinais e colares” (p. 57).

Notas
Ao investigar o assassinato de Laio, Édipo descobre ser o assassino.

Ifigênia confia uma carta a Pílades, que a entrega ali mesmo a Orestes, o destinatário, revelando assim sua identidade.
Livro XVII

►O poeta deve antever a representação da peça. Deve “perceber” a cena como se a visse, tal qual o espectador.
“Também deve o poeta, tanto quanto possível, reproduzir os gestos dos personagens. Mais convincente ele se torna quando experimenta as mesmas paixões das pessoas em cena e têm-lhes o mesmo ânimo” (p. 58).

►Aristóteles faz a diferenciação entre o argumento e os episódios. Argumento é a essência da estória que se quer contar; episódios, são as múltiplas ações desenvolvidas.

“Os argumentos (na tragédia) quer venham das lendas tradicionais, quer da imaginação do poeta, devem ter esboçadas suas linhas gerais antes que se os divida em episódios e se os desenvolva adequadamente” (p. 58).

“Os episódios, nos dramas, devem ser breves; é diferente do que sucede na epopéia, que se estende por causa deles” (p. 59).

A POÉTICA, de Aristóteles X.

Livro XV


►No décimo-quinto livro, o autor discorrerá sobre os caracteres.
►Alerta que quatro pontos devem ser observados quanto aos caracteres dos heróis:
►I. “O primeiro e mais importante é que eles sejam bons” (p. 54).

►II. “O segundo ponto é que os caracteres devem ser apropriados. Caráter viril existe, mas à mulher não convém ser viril nem terrível” (p. 54).
►III. “O terceiro ponto é a semelhança; essa qualidade difere das outras que explicamos, a bondade e a adequação” (p. 54).
►IV. “O quarto ponto é a coerência. Mesmo quando o personagem é incoerente em relação a suas ações, precisa ser, na tragédia, incoerente com coerência” (p. 55).



“A necessidade e a verossimilhança devem estar presentes na representação dos caracteres (…), de maneira que seja necessário e provável, a determinado personagem, falar tais palavras e praticar tais atos…” (p. 55).


►Neste livro está contida a idéia de que a arte deve “embelezar a vida”: “uma vez que a tragédia é a imitação de seres melhores do que nós, é necessário copiar os bons retratistas; estes, ao reproduzir o original, a um só tempo respeitam-lhe a semelhança e o tornam mais belo” (p. 55).



“Assim também devem agir os poetas; ao imitar personagens fracos ou de temperamento forte, ou providos de outros defeitos de caráter, devem elevá-los, mas sem permitir que sejam o que não são. Foi o que fizeram Agatão e Homero com Aquiles, modelo de homem rude” (p. 55).


►É também no Livro XV que Aristóteles faz uma ressalva quanto ao desfecho que recorre a qualquer elemento exterior à fábula – a famosa crítica ao “deus ex-machina” utilizado por Eurípedes em Medéia. Para o articulador, não se deve recorrer aos deuses, ou ao irracional, no desenvolvimento das ações (p. 55).

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A POÉTICA, de Aristóteles IX.

Livro XIV

►No livro XIV, Aristóteles fará uma observação pertinente aos poetas, diferenciando, em teatro, o texto da encenação: “Os sentimentos de terror e pena, às vezes, decorrem do espetáculo cênico; em outras ocasiões, porém, vêm do ordenamento que se dá às ações, e este é o melhor modo, mais próprio do poeta” (p. 52).


►“Pois a fábula deve ser constituída de tal maneira que as pessoas que a ouvirem possam, mesmo sem nada ver, aterrorizar-se e sentir piedade, como acontecerá com quem escutar a estória de Édipo. Produzir esse efeito somente por meio do espetáculo é coisa pouco artística, que exige apenas o trabalho do corego” (p. 52).

►Aristóteles diferencia, ainda, o “terrível” do “monstruoso”. O monstruoso não cumpre a função trágica. O filósofo afirma, então, que o terror e a piedade serão despertadas dependendo da organização dos fatos dentro da fábula, tarefa do poeta (p. 53).


►Para suscitar tais sentimentos, as ações devem ocorrer entre amigos (pais e filhos, esposos, irmãos), porque, caso ocorra entre inimigos ou estranhos, não despertará suficiente comoção (p. 53).

►Ainda no Livro XIV, Aristóteles enumera as possíveis situações trágicas:

►I. As ações precisam ocorrer entre amigos (já explorado anteriormente);

►II. “Não se devem alterar os mitos consagrados pela tradição, como a morte de Clitemnestra por Orestes e a de Erifila por Alcmeão. O poeta deve, antes, compor sua obra de modo correto, e de acordo com a tradição” (p. 53).

►III. A ação pode ser praticada por:

►III.1. Personagens cientes do que fazem – “é o caso de Medéia, da tragédia de Eurípedes, quando mata os filhos” (p. 53);

►III.2. Por personagens que desconhecem “a vilania de seu ato, pois o laço de sangue só será revelado mais tarde; aí temos Édipo, de Sófocles” (p. 53);

►III.3. “Quem, por ignorância, vai cometer um ato terrível, mas, antes de fazê-lo, conhece a verdade” (p. 53).

►“Além dessas, não existem outras situações tragicamente possíveis, pois a ação, necessariamente, é ou não praticada, com conhecimento ou sem ele” (p. 53).

►O filósofo julga que o melhor tipo de situação trágica é aquela em que o personagem age e só depois vem a conhecer as consequências de seus atos.


►“Por isso, como já dissemos, as tragédias tiram seus argumentos de poucas famílias. Ao procurar seus temas os poetas encontraram, não por arte e sim por sorte, nos mitos tradicionais; bastou-lhes então adaptá-los” (p. 54).

A POÉTICA, de Aristóteles VIII.

(continuação)


Livro XII
Quanto ao aspecto formal da tragédia, Aristóteles define seis partes:


Prólogo
“É a parte completa da tragédia que antecede a (primeira) entrada do coro” (p. 50)

Párodo
“É o primeiro entoar do côro” (p. 50). Ou seja, a primeira entrada e intervenção do côro.

Episódio
“É a parte completa encontrada entre dois corais” (p. 50). Em outras palavras, episódios são os trechos de ação entre os atores.


Stásimo ou Estásimo
Cada intervenção do côro entre os episódios.

Kommós
“Canto lamentoso do coro e dos atores, a um só tempo” (p. 50).

Êxodo
“Parte completa depois da qual não se segue o canto do côro” (p. 50).



Livro XIII


►É imprescindível que o espectador possa estabelecer uma empatia em relação ao herói, para que a catarse, de fato, se cumpra – este é o objetivo da tragédia.


►“Não cabe apresentar homens muito bons passando de venturosos a desventurados (o que não produz nem terror nem pena, mas sim, repulsa), nem homens muito maus passando da desventura à felicidade (nada há de menos trágico; faltam-lhe as características necessárias para a inspiração de medo e piedade; e assim não se está de acordo com as emoções humanas).
Tampouco se há de mostrar o homem perverso lançar-se da ventura ao infortúnio; embora essa situação esteja de acordo com os sentimentos humanos, não produziria nem temor nem piedade; pois esta (a piedade) a experimentamos em relação ao que é infeliz sem o merecer; e aquele (o terror), sentimos por nosso semelhante desventurado; por este motivo, o resultado não parecerá funesto nem digno de compaixão” (p. 51).


►A personagem trágica não pode ser superior, inacessível, a ponto de não produzir nenhuma empatia com o espectador, nem tampouco vil, desprezível; Aristóteles recomenda uma personagem em situação intermediária.


►“É a do homem que nem se destaca pela virtude e pela justiça, nem cai no infortúnio como resultado de vileza ou perversidade, mas em consequência de algum erro; esse homem estará entre aqueles que gozam de grande prestígio e prosperidade, como Édipo, Tiestes, e outros membros de famílias eminentes” (p. 51). Esta é a definição da falha trágica.


►Adiante, o filósofo retomará a recomendação: “Deve-se ir da felicidade ao infortúnio; não por maldade e sim por algum erro da personagem, que, como já dissemos, deve antes tender para melhor que para pior” (p. 51).

República Brasileira - 120 anos

2 Golpes
1 revolução
15 militares no comando
27 civis no poder
7 presidentes sem votos
4 depostos
9 eleições indiretas
20 diretas
6 chefes de nação mortos
71 anos de governos indicados pelo povo
49 anos de governos indicados por minorias
21 anos de regime militar...
21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar... 21 anos de regime militar...

A POÉTICA, de Aristóteles VII.

►“A tragédia, entretanto, não é apenas a imitação de uma ação completa; também relata casos que inspiram horror e pena, emoções que surgem, em especial, quando as ações são inesperadas” (p. 48)

►Temos aqui esboçada a teoria da catarse, outra idéia que se tornará pilar em toda a tradição clássica ocidental.


Livro X

►O autor diferenciará as fábulas simples das complexas. Isso porque as ações que elas imitam também são simples ou complexas.

►Simples é “a ação que, de modo uno e coerente, (…) produz mudanças na sorte sem que haja peripécia ou reconhecimento”... (p. 49).

►“Digo ação complexa quando dela se segue mudança, quer por reconhecimento, quer por peripécia, quer por ambos” (p. 49).

►“A peripécia e o reconhecimento, no entanto, devem decorrer da estrutura interna da fábula, de tal forma que venha a se originar, por necessidade ou por verossimilhança, dos acontecimentos que os antecedem” (p. 49).


Livro XI

►Para que alcance o efeito sobre a platéia, retoma-se a importância da organização correta da peripécia e do reconhecimento dentro do desenrolar da tragédia.

►A peripécia “é a alteração das ações em sentido contrário (…); e essa inversão deve acontecer (…) segundo a verossimilhança ou a necesidade” (p. 49).

► O reconhecimento (…) é a passagem do desconhecimento ao conhecimento” (p. 49).

►“O mais belo dos reconhecimentos é o que se dá ao mesmo tempo que uma peripécia, como sucedeu no Édipo” (p. 49).


►Alteraremos, aqui, a ordem da exposição de Aristóteles, a fim de melhor organizarmos a defesa que este faz da catarse, efeito desejável da tragédia sobre o cidadão.

►Aristóteles afirma que “quando há peripécia, o reconhecimento produzirá temor ou piedade” (p. 50).

►“E esses sentimentos, como demonstramos, são despertados pela imitação de ações, que é a essência mesmo da tragédia” (p. 50).

►O reconhecimento se dá entre as personagens, concomitantemente ou não. Neste momento, não resta dúvida alguma sobre a identidade de uma delas ou de ambas (p. 50).

►“Essas são duas partes da fábula: a peripécia e o reconhecimento. Há uma terceira, a catástrofe”.


►“A catástrofe é uma ação de que resultam danos e sofrimentos, como ocorre com as mortes em cena, as dores lancinantes, os ferimentos e demais ocorrências semelhantes” (p. 50).

►“A estrutura da tragédia mais bela deve ser complexa, não simples, e (…) deve consistir na imitação de ações que despertam terror e pena” (p. 51).

Teatro de Epidauro. Séc III aC.

Melpomene[1] - A Musa da Tragédia.
Estátua de mármore procedente do teatro de Pompéia. Louvre.


►“A fábula é, pois, o princípio e, por assim dizer, a alma da tragédia; em segundo lugar vêm os caracteres” (p. 44).

►“A tragédia é a imitação de uma ação em sua totalidade”. Por sua vez, inteiro é “o que tem começo, meio e fim” (p. 45).


►As fábulas podem ser, ainda, simples ou complexas. A fábula simples imita uma ação simples – “aquela que produz mudança de sorte sem que haja peripécia nem reconhecimento”. A fábula complexa imita a “ação complexa, quando dela se segue mudança, quer por reconhecimento, quer com peripécia, quer com ambos” (p. 49).

►A peripécia e o reconhecimento devem se originar da “estrutura interna da fábula”, decorrendo “por necessidade ou por verossimilhança, dos acontecimentos que os antecedem” (p. 49).

Livro VIII


►No livro VII, o autor retomará a necessidade de a tragédia representar uma ação em sua totalidade – una, inteira. Discorre sobre a “unidade”. A tragédia deve ser a imitação de uma ação, de uma única ação.

►“A fábula (…) precisa imitar as (ações) que sejam unas e inteiras” (p. 47).


►Quanto à extensão, o pensador afirma que “a duração apropriada de uma tragédia é aquela que permite que nas ações – sucedidas com coerência e de acordo com a necessidade – se passe do infortúnio à felicidade ou da felicidade ao infortúnio”. Mesmo porque “…as fábulas precisam ter uma extensão que a memória possa apreender por inteiro” (p. 46).

Livro VIII


►“A unidade da fábula não se encontra (…) no fato de haver um só personagem, porque um único homem pode passar por muitos acontecimentos sem que deles resulte alguma unidade. Uma pessoa pode praticar diversas ações, as quais não formam uma ação una” (p. 46).

►Aristóteles defende que as ações sejam unas e inteiras; e que os eventos devem depender um dos outros, de modo que se algum for suprimido, desorganize o todo. Como exemplo, cita Homero (p. 47).

Livro IX


►O Livro IX da Poética traz a famosa comparação entre a História e a Poesia, no que concerne a seus conteúdos.


►Para Aristóteles, o que diferencia o poeta do historiador não é o fato de escreverem em prosa ou em verso, mas o fato de a História relatar “acontecimentos que de fato sucederam”, enquanto a Poesia “fala das coisas que poderiam suceder” (p. 47).


►“A Poesia contém mais filosofia e circunspecção do que a História; a primeira trata das coisas universais, enquanto a segunda cuida do particular” (p. 47).


►“(…) A poesia, desse modo, visa ao universal, mesmo quando dá nomes a suas personagens” (p. 47).


►Desta forma, o poeta conta coisas que poderiam acontecer dentro da verossimilhança, e a partir da necessidade.

A partir daí, a verossimilhança se constituirá conceito central na idéia de arte, do que deva ser o artístico.


►Ao longo de todo o Livro IX, o articulador demonstrará a verossimilhança na comédia e na tragédia. Verossímil pode ser o que aconteceu, ou o que não aconteceu: Aristóteles pressente a noção de “ficção”.


A POÉTICA, de Aristóteles VI.


►Os Elementos da Tragédia são explorados no Livro VI. Diz o pensador que '‘é a tragédia a representação de uma ação elevada, de alguma extensão e completa, em linguagem adornada, distribuídos os adornos por todas as partes, com atores atuando e não narrando; e que, despertando a piedade ou temor, tem por resultado a catarse dessas emoções” (p. 43).

►“Piedade”, segundo alguns comentadores, não é uma boa tradução para o termo empregado pelo escritor. Melhor tradução seria “filantropia”.

►“Considero linguagem adornada a que tem ritmo, harmonia e canto; e o distribuir-se os adornos por todas as partes significa que algumas são dotadas apenas de verso, enquanto outras servem-se também do canto" (p.43).

“A tragédia é a imitação de uma ação, realizada pela atuação dos personagens” (p. 43).

Existem, na tragédia, duas causas naturais para a ação: idéias e caráter (p.43).
►É da ação que se originará a boa ou má fortuna das personagens.

►São seis os elementos que constituem a tragédia, na Poética:


Fábula
A Fábula é a reunião das ações. É o enredo que se conta, a estória. “A fábula é imitação da ação” (p. 43).
Caracteres
O caráter são as qualidades, os traços, das personagens.
“Caráter é aquilo que revela determinada deliberação; ou, em situações dúbias, a escolha que se faz ou se evita” (p. 45).

Falas
“Fala é a expressão das idéias por meio de palavras, o que pode ser feito em verso ou em prosa” (p. 45).

Idéias
As idéias são os pensamentos das personagens, que as manifestam por meio do que dizem. Nas palavras de Aristóteles: “Por idéias, refiro-me a tudo o que os personagens dizem para manifestar seu pensamento” (p. 43).

Em outro trecho do tratado, define ele: “…nada mais são do que a capacidade de dizer, sobre determinado assunto, aquilo que lhe é inerente ou conveniente” (p. 45).

Espetáculo
É a encenação da tragédia. Aristóteles julga-a menos “artística” que o texto em si; se a catarse ocorrer unicamente devido ao espetáculo, terá sido obra do corego, e não do poeta.

“A parte cênica, embora emocionante, é a menos artística e a menos afeita à poesia. O efeito da tragédia se manifesta mesmo sem a representação e os atores; ademais, para a encenação de um espetáculo agradável, contribui mais um cenógrafo que o poeta” (p.45).

Canto
O canto é o principal dos adornos da tragédia (p. 45).

►“Toda tragédia envolve espetáculo, caracteres, fábula, falas, canto e idéias” (p. 44).
►“A tragédia não é imitação de pessoas, e sim de ações…” (p. 44).

►“…A finalidade da vida é uma ação, não uma qualidade” (p. 44).

►Desta maneira, Aristóteles distingue bem “caráter” de “ação”. Segundo ele, os homens são felizes ou infelizes de acordo com as ações que praticam, e não de acordo com seu caráter (p. 44).

►A tragédia deve servir-se de falas que revelem os caracteres das personagens, mas também da narrativa e da trama; caso contrário, não se terá uma tragédia.

“…Os principais meios pelos quais a tragédia fascina as platéias fazem parte da fábula, ou seja, as peripécias e os reconhecimentos” (p. 44).
Ruínas do Teatro de Dyonisos

A POÉTICA, de Aristóteles V.

►No Livro XXV, o filósofo associará “modo” a imitar “as coisas, tal como eram ou como são; tal como os outros dizem que são, ou que parecem; tal como deveriam ser” (p. 70).


Livro IV.

►O Livro IV apresentará a defesa da mímesis.

►Segundo Aristóteles, imitar é uma tendência humana; através dela o homem adquire os primeiros conhecimentos, e experimenta o prazer advindo do conhecimento (p.33).

►A imitação é a causa natural da Poesia.


►“Ao homem é natural imitar desde a infância – e nisso difere dos outros seres, por ser capaz da imitação e por aprender, por meio da imitação, os primeiros conhecimentos -; e todos os homens sentem prazer em imitar” (p. 40).


►Aristóteles associa ao caráter dos poetas sua inclinação para imitar “ações nobres, das mais nobres personagens” ou “imitações desprezíveis, compondo vitupérios…” (p. 40). Desta forma, o filósofo insinua que o caráter do poeta se refletiria em sua obra, um gérme do que, mais tarde, viria a ser chamada “crítica biografista”.


►Em seguida, discursa sobre a poesia, analisando a produção de Homero. Aristóteles considera a tragédia superior à comédia, e mais estimada.



►Tanto a tragédia quanto a comédia tiveram origem na improvisação; a tragédia teria descendido do ditirambo, e a comédia, dos cantos fálicos (p.34).

►No que concerne à forma, então, a tragédia caracterizava-se pelo metro jâmbico, mais coloquial, e contava com certo número de episódios (p.34-35).


Livro V


►O autor fala detalhadamente sobre a comédia pela primeira vez no Livro V. A comédia "...é imitação de pessoas inferiores; mas não em relação a todo tipo de vício, e sim quanto à parte em que o cômico é grotesco. O grotesco é um defeito, embora ingênuo e sem dor”.

►“A comicidade, com efeito, é um defeito e uma feiúra sem dor nem destruição ..." (p.35).

►Acrescenta que as transformações sofridas pela tragédia são conhecidas, mas as transformações da comédia não o são “porque no princípio ela não era estimada” (p. 42).

►Assim, sobre máscaras, prólogos, número de atores e outras particularidades, Aristóteles conclui que não se sabe a autoria (na comédia); quanto à composição de fábulas, deveria-se a Epicarmo e Fórmis (p.42).

►Em seguida, o autor volta a debruçar-se sobre os outros gêneros, estabelecendo as diferenças entre a poesia épica e a tragédia:


►“A poesia épica e a tragédia só concordam por ser, ambas, imitações em versos de homens superiores; a diferença está em que a epopéia tem metro uniforme e forma narrativa. Também na extensão existe diferença; a tragédia tanto quanto possível, procura caber dentro de uma revolução do sol, ou ultrapassá-la muito pouco; na epopéia, a duração não tem limitação, e nisso as duas diferem” (p. 42).


►A poesia épica compõe-se num metro uniforme e é uma narrativa. Além disso, diferem em extensão: a tragédia não ultrapassa um dia, ou o faz em muito pouco; já o poema épico - epopéia - não tem limite de duração (p.35).

►No livro seguinte, o articulador procurará demonstrar as partes da tragédia.