sexta-feira, 30 de outubro de 2009
A POÉTICA, de Aristóteles IX.
►No livro XIV, Aristóteles fará uma observação pertinente aos poetas, diferenciando, em teatro, o texto da encenação: “Os sentimentos de terror e pena, às vezes, decorrem do espetáculo cênico; em outras ocasiões, porém, vêm do ordenamento que se dá às ações, e este é o melhor modo, mais próprio do poeta” (p. 52).
►“Pois a fábula deve ser constituída de tal maneira que as pessoas que a ouvirem possam, mesmo sem nada ver, aterrorizar-se e sentir piedade, como acontecerá com quem escutar a estória de Édipo. Produzir esse efeito somente por meio do espetáculo é coisa pouco artística, que exige apenas o trabalho do corego” (p. 52).
►Aristóteles diferencia, ainda, o “terrível” do “monstruoso”. O monstruoso não cumpre a função trágica. O filósofo afirma, então, que o terror e a piedade serão despertadas dependendo da organização dos fatos dentro da fábula, tarefa do poeta (p. 53).
►Para suscitar tais sentimentos, as ações devem ocorrer entre amigos (pais e filhos, esposos, irmãos), porque, caso ocorra entre inimigos ou estranhos, não despertará suficiente comoção (p. 53).
►Ainda no Livro XIV, Aristóteles enumera as possíveis situações trágicas:
►I. As ações precisam ocorrer entre amigos (já explorado anteriormente);
►II. “Não se devem alterar os mitos consagrados pela tradição, como a morte de Clitemnestra por Orestes e a de Erifila por Alcmeão. O poeta deve, antes, compor sua obra de modo correto, e de acordo com a tradição” (p. 53).
►III. A ação pode ser praticada por:
►III.1. Personagens cientes do que fazem – “é o caso de Medéia, da tragédia de Eurípedes, quando mata os filhos” (p. 53);
►III.2. Por personagens que desconhecem “a vilania de seu ato, pois o laço de sangue só será revelado mais tarde; aí temos Édipo, de Sófocles” (p. 53);
►III.3. “Quem, por ignorância, vai cometer um ato terrível, mas, antes de fazê-lo, conhece a verdade” (p. 53).
►“Além dessas, não existem outras situações tragicamente possíveis, pois a ação, necessariamente, é ou não praticada, com conhecimento ou sem ele” (p. 53).
►O filósofo julga que o melhor tipo de situação trágica é aquela em que o personagem age e só depois vem a conhecer as consequências de seus atos.
►“Por isso, como já dissemos, as tragédias tiram seus argumentos de poucas famílias. Ao procurar seus temas os poetas encontraram, não por arte e sim por sorte, nos mitos tradicionais; bastou-lhes então adaptá-los” (p. 54).
A POÉTICA, de Aristóteles VIII.
Prólogo
“É a parte completa da tragédia que antecede a (primeira) entrada do coro” (p. 50)
“É o primeiro entoar do côro” (p. 50). Ou seja, a primeira entrada e intervenção do côro.
“É a parte completa encontrada entre dois corais” (p. 50). Em outras palavras, episódios são os trechos de ação entre os atores.
Stásimo ou Estásimo
Cada intervenção do côro entre os episódios.
“Canto lamentoso do coro e dos atores, a um só tempo” (p. 50).
“Parte completa depois da qual não se segue o canto do côro” (p. 50).
►É imprescindível que o espectador possa estabelecer uma empatia em relação ao herói, para que a catarse, de fato, se cumpra – este é o objetivo da tragédia.
►“Não cabe apresentar homens muito bons passando de venturosos a desventurados (o que não produz nem terror nem pena, mas sim, repulsa), nem homens muito maus passando da desventura à felicidade (nada há de menos trágico; faltam-lhe as características necessárias para a inspiração de medo e piedade; e assim não se está de acordo com as emoções humanas). Tampouco se há de mostrar o homem perverso lançar-se da ventura ao infortúnio; embora essa situação esteja de acordo com os sentimentos humanos, não produziria nem temor nem piedade; pois esta (a piedade) a experimentamos em relação ao que é infeliz sem o merecer; e aquele (o terror), sentimos por nosso semelhante desventurado; por este motivo, o resultado não parecerá funesto nem digno de compaixão” (p. 51).
►A personagem trágica não pode ser superior, inacessível, a ponto de não produzir nenhuma empatia com o espectador, nem tampouco vil, desprezível; Aristóteles recomenda uma personagem em situação intermediária.
►“É a do homem que nem se destaca pela virtude e pela justiça, nem cai no infortúnio como resultado de vileza ou perversidade, mas em consequência de algum erro; esse homem estará entre aqueles que gozam de grande prestígio e prosperidade, como Édipo, Tiestes, e outros membros de famílias eminentes” (p. 51). Esta é a definição da falha trágica.
►Adiante, o filósofo retomará a recomendação: “Deve-se ir da felicidade ao infortúnio; não por maldade e sim por algum erro da personagem, que, como já dissemos, deve antes tender para melhor que para pior” (p. 51).
República Brasileira - 120 anos
A POÉTICA, de Aristóteles VII.
►Temos aqui esboçada a teoria da catarse, outra idéia que se tornará pilar em toda a tradição clássica ocidental.
Livro X
►O autor diferenciará as fábulas simples das complexas. Isso porque as ações que elas imitam também são simples ou complexas.
►Simples é “a ação que, de modo uno e coerente, (…) produz mudanças na sorte sem que haja peripécia ou reconhecimento”... (p. 49).
►“Digo ação complexa quando dela se segue mudança, quer por reconhecimento, quer por peripécia, quer por ambos” (p. 49).
►“A peripécia e o reconhecimento, no entanto, devem decorrer da estrutura interna da fábula, de tal forma que venha a se originar, por necessidade ou por verossimilhança, dos acontecimentos que os antecedem” (p. 49).
Livro XI
►Para que alcance o efeito sobre a platéia, retoma-se a importância da organização correta da peripécia e do reconhecimento dentro do desenrolar da tragédia.
►A peripécia “é a alteração das ações em sentido contrário (…); e essa inversão deve acontecer (…) segundo a verossimilhança ou a necesidade” (p. 49).
► O reconhecimento (…) é a passagem do desconhecimento ao conhecimento” (p. 49).
►“O mais belo dos reconhecimentos é o que se dá ao mesmo tempo que uma peripécia, como sucedeu no Édipo” (p. 49).
►Alteraremos, aqui, a ordem da exposição de Aristóteles, a fim de melhor organizarmos a defesa que este faz da catarse, efeito desejável da tragédia sobre o cidadão.
►Aristóteles afirma que “quando há peripécia, o reconhecimento produzirá temor ou piedade” (p. 50).
►“E esses sentimentos, como demonstramos, são despertados pela imitação de ações, que é a essência mesmo da tragédia” (p. 50).
►O reconhecimento se dá entre as personagens, concomitantemente ou não. Neste momento, não resta dúvida alguma sobre a identidade de uma delas ou de ambas (p. 50).
►“Essas são duas partes da fábula: a peripécia e o reconhecimento. Há uma terceira, a catástrofe”.
►“A catástrofe é uma ação de que resultam danos e sofrimentos, como ocorre com as mortes em cena, as dores lancinantes, os ferimentos e demais ocorrências semelhantes” (p. 50).
►“A estrutura da tragédia mais bela deve ser complexa, não simples, e (…) deve consistir na imitação de ações que despertam terror e pena” (p. 51).
►“A fábula é, pois, o princípio e, por assim dizer, a alma da tragédia; em segundo lugar vêm os caracteres” (p. 44).
►“A tragédia é a imitação de uma ação em sua totalidade”. Por sua vez, inteiro é “o que tem começo, meio e fim” (p. 45).
►As fábulas podem ser, ainda, simples ou complexas. A fábula simples imita uma ação simples – “aquela que produz mudança de sorte sem que haja peripécia nem reconhecimento”. A fábula complexa imita a “ação complexa, quando dela se segue mudança, quer por reconhecimento, quer com peripécia, quer com ambos” (p. 49).
►A peripécia e o reconhecimento devem se originar da “estrutura interna da fábula”, decorrendo “por necessidade ou por verossimilhança, dos acontecimentos que os antecedem” (p. 49).
Livro VIII
►No livro VII, o autor retomará a necessidade de a tragédia representar uma ação em sua totalidade – una, inteira. Discorre sobre a “unidade”. A tragédia deve ser a imitação de uma ação, de uma única ação.
►“A fábula (…) precisa imitar as (ações) que sejam unas e inteiras” (p. 47).
►Quanto à extensão, o pensador afirma que “a duração apropriada de uma tragédia é aquela que permite que nas ações – sucedidas com coerência e de acordo com a necessidade – se passe do infortúnio à felicidade ou da felicidade ao infortúnio”. Mesmo porque “…as fábulas precisam ter uma extensão que a memória possa apreender por inteiro” (p. 46).
Livro VIII
►“A unidade da fábula não se encontra (…) no fato de haver um só personagem, porque um único homem pode passar por muitos acontecimentos sem que deles resulte alguma unidade. Uma pessoa pode praticar diversas ações, as quais não formam uma ação una” (p. 46).
►Aristóteles defende que as ações sejam unas e inteiras; e que os eventos devem depender um dos outros, de modo que se algum for suprimido, desorganize o todo. Como exemplo, cita Homero (p. 47).
Livro IX
►O Livro IX da Poética traz a famosa comparação entre a História e a Poesia, no que concerne a seus conteúdos.
►Para Aristóteles, o que diferencia o poeta do historiador não é o fato de escreverem em prosa ou em verso, mas o fato de a História relatar “acontecimentos que de fato sucederam”, enquanto a Poesia “fala das coisas que poderiam suceder” (p. 47).
►“A Poesia contém mais filosofia e circunspecção do que a História; a primeira trata das coisas universais, enquanto a segunda cuida do particular” (p. 47).
►“(…) A poesia, desse modo, visa ao universal, mesmo quando dá nomes a suas personagens” (p. 47).
►Desta forma, o poeta conta coisas que poderiam acontecer dentro da verossimilhança, e a partir da necessidade.
A partir daí, a verossimilhança se constituirá conceito central na idéia de arte, do que deva ser o artístico.
►Ao longo de todo o Livro IX, o articulador demonstrará a verossimilhança na comédia e na tragédia. Verossímil pode ser o que aconteceu, ou o que não aconteceu: Aristóteles pressente a noção de “ficção”.
A POÉTICA, de Aristóteles VI.
A Fábula é a reunião das ações. É o enredo que se conta, a estória. “A fábula é imitação da ação” (p. 43).
O caráter são as qualidades, os traços, das personagens.
“Caráter é aquilo que revela determinada deliberação; ou, em situações dúbias, a escolha que se faz ou se evita” (p. 45).
“Fala é a expressão das idéias por meio de palavras, o que pode ser feito em verso ou em prosa” (p. 45).
As idéias são os pensamentos das personagens, que as manifestam por meio do que dizem. Nas palavras de Aristóteles: “Por idéias, refiro-me a tudo o que os personagens dizem para manifestar seu pensamento” (p. 43).
Em outro trecho do tratado, define ele: “…nada mais são do que a capacidade de dizer, sobre determinado assunto, aquilo que lhe é inerente ou conveniente” (p. 45).
É a encenação da tragédia. Aristóteles julga-a menos “artística” que o texto em si; se a catarse ocorrer unicamente devido ao espetáculo, terá sido obra do corego, e não do poeta.
O canto é o principal dos adornos da tragédia (p. 45).
A POÉTICA, de Aristóteles V.
Livro IV.
►O Livro IV apresentará a defesa da mímesis.
►Segundo Aristóteles, imitar é uma tendência humana; através dela o homem adquire os primeiros conhecimentos, e experimenta o prazer advindo do conhecimento (p.33).
►A imitação é a causa natural da Poesia.
►“Ao homem é natural imitar desde a infância – e nisso difere dos outros seres, por ser capaz da imitação e por aprender, por meio da imitação, os primeiros conhecimentos -; e todos os homens sentem prazer em imitar” (p. 40).
►Aristóteles associa ao caráter dos poetas sua inclinação para imitar “ações nobres, das mais nobres personagens” ou “imitações desprezíveis, compondo vitupérios…” (p. 40). Desta forma, o filósofo insinua que o caráter do poeta se refletiria em sua obra, um gérme do que, mais tarde, viria a ser chamada “crítica biografista”.
►Em seguida, discursa sobre a poesia, analisando a produção de Homero. Aristóteles considera a tragédia superior à comédia, e mais estimada.
►Tanto a tragédia quanto a comédia tiveram origem na improvisação; a tragédia teria descendido do ditirambo, e a comédia, dos cantos fálicos (p.34).
►No que concerne à forma, então, a tragédia caracterizava-se pelo metro jâmbico, mais coloquial, e contava com certo número de episódios (p.34-35).
Livro V
►O autor fala detalhadamente sobre a comédia pela primeira vez no Livro V. A comédia "...é imitação de pessoas inferiores; mas não em relação a todo tipo de vício, e sim quanto à parte em que o cômico é grotesco. O grotesco é um defeito, embora ingênuo e sem dor”.
►“A comicidade, com efeito, é um defeito e uma feiúra sem dor nem destruição ..." (p.35).
►Acrescenta que as transformações sofridas pela tragédia são conhecidas, mas as transformações da comédia não o são “porque no princípio ela não era estimada” (p. 42).
►Assim, sobre máscaras, prólogos, número de atores e outras particularidades, Aristóteles conclui que não se sabe a autoria (na comédia); quanto à composição de fábulas, deveria-se a Epicarmo e Fórmis (p.42).
►Em seguida, o autor volta a debruçar-se sobre os outros gêneros, estabelecendo as diferenças entre a poesia épica e a tragédia:
►“A poesia épica e a tragédia só concordam por ser, ambas, imitações em versos de homens superiores; a diferença está em que a epopéia tem metro uniforme e forma narrativa. Também na extensão existe diferença; a tragédia tanto quanto possível, procura caber dentro de uma revolução do sol, ou ultrapassá-la muito pouco; na epopéia, a duração não tem limitação, e nisso as duas diferem” (p. 42).
►A poesia épica compõe-se num metro uniforme e é uma narrativa. Além disso, diferem em extensão: a tragédia não ultrapassa um dia, ou o faz em muito pouco; já o poema épico - epopéia - não tem limite de duração (p.35).
►No livro seguinte, o articulador procurará demonstrar as partes da tragédia.
A POÉTICA, de Aristóteles IV.
►Aristóteles argumentará adiante, na Poética, que o ser humano aprende sobre todas as esferas da vida por meio da mímesis, e depreende disso grande prazer.
►“Os imitadores imitam pessoas em ação” (p. 38). Essas pessoas que agem são de boa ou de má índole, de modo que “os poetas imitam homens melhores, ou piores, ou então igual a nós” (p. 38).
Livro II
►No livro II, o autor distingue a tragédia - que imita pessoas melhores do que nós - da comédia - que imita pessoas piores do que nós (p.39).
►“Como os imitadores imitam pessoas em ação, e estas são de boa ou de má índole (porque os caracteres quase sempre se limitam a esses), sucede que, necessariamente, os poetas imitam homens melhores, ou piores, ou então iguais a nós…” (p. 38).
Livro III
No livro III, o filósofo define que o teatro é caracterizado pelo drama. Tragédia e comédia são, as duas, formas de drama. "Essa, segundo alguns, a razão do nome drama, o representá-los (os homens) em ação" (p.39).
Meios
Ritmo, canto, metro, cores, traços, melodia.
Objetos
Pessoas em ação, superiores ou inferiores a nós – epopéia, tragédia, comédia.
Maneira
Narração: “quer assumindo a personalidade de outro personagem”; ou “na primeira pessoa, sem mudá-la” – como faz Homero;
Dramatização: “seja permitindo que as personagens ajam elas mesmas” (pp. 37-39).
A POÉTICA, de Aristóteles III.
►Este famoso tratado ocupa-se da apreciação estética e sociológica de um importante fenômeno surgido há poucos séculos na Grécia, e consolidado na cidade-estado Atenas: o teatro, manifestação até então desconhecida desta e de todas as demais populações da Antiguidade – mas, em seu tempo, ainda indissociável da poesia.
►“Trataremos da natureza e das espécies da poesia, das características de cada uma, do modo como as fábulas se devem compor para a perfeição do poema”.
►O texto insere-se, ainda, em um debate caro a todos os estudiosos, historiadores e historiadores da arte, àqueles que ocupam-se da trajetória do teatro ocidental e aos educadores, a saber: o embate instituído entre Arte e Filosofia no seio da Grécia clássica.
►Como disciplina teórica, a poética é o estudo das obras literárias, particularmente as narrativas, e visa esclarecer suas características gerais, a sua literalidade, criando conceitos que possam ser generalizados para o entendimento da construção de outras obras.
►Apesar de não ter caráter normativo, ela opera implícita e explicitamente na criação artística. Surge na filosofia de Aristóteles, que a trata como um dos métodos do discurso estudando no fragmento que restou até nossos dias a tragédia, e dela destacando noções fundamentais para as considerações teóricas posteriores.
►Dividida em livros, A Poética de Aristóteles busca averiguar o que caracterizaria a “literatura”, um conceito inexistente em sua época.
►Tem início tentando definir a Arte: esta, em seu conceito, é mímesis, sobre a qual discorrerá mais detalhadamente no livro IV. “A epopéia, o poema de cunho trágico, o ditirambo (hino em louvor do deus grego Dionysos) e, na maior parte, a arte de quem toca a flauta e a cítara, todas vêm a ser, em geral, mímesis (p. 37).
►Escreve, ainda, que todas as artes diferem entre si em três pontos: “imitam por modos diferentes, e não o mesmo, ou por objetos diferentes, ou por meios diferentes..." (p.37).
Livro I
►No primeiro livro, discorre sobre as diversas artes; pintura, canto, literatura (que ele afirma não ter recebido, ainda, um nome), “arte composta apenas de palavras” (p. 37); detém-se no teatro.
►Depreendemos do texto que os pintores expressam-se “por traços e por cores”; e que as demais artes imitam pelo “ritmo, pela linguagem e pela melodia, de modo separado ou combinado” (p. 37).
►A aulética (arte de tocar flauta) e a citarística (arte de tocar a cítara), além da siríngica (que era a arte do cantor que acompanhava a cítara), valem-se da melodia e do ritmo.
►Já a dança, sob a óptica de Aristóteles, vale-se somente dos ritmos – “porque os bailarinos, com seus movimentos ritmados, imitam caracteres, emoções e ações.
►Aristóteles afirma também não existir um nome para “dar aos mimos de Sófron e de Xenarco”, bem como aos diálogos socráticos, e às composições pautadas em trímetros jâmbicos, versos elegíacos e semelhantes (p. 38).
►Os poetas, haviam recebido as denominações de “elegíacos e épicos”, não pelo tipo de imitação que empreendiam, “mas segundo o metro que usam” (p. 38).
►Aristóteles estabelece uma primeira diferenciação entre a poesia e demais discursos escritos – “também recebe o nome de poeta quem escreve, em versos, tratados médicos ou de física; mas nada existe em comum entre Homero e Empédocles, senão a métrica: assim, aquele merece o nome de ‘poeta’, e este, o de ‘naturalista’ mais que de poeta” (p. 38).
A POÉTICA, de Aristóteles II.
Em 347 a.C. morreu Platão, e Aristóteles deixou Atenas. Fixou-se em Assos, na Ásia Menor, onde Hérmias, um ex-escravo e antigo discípulo da Academia, tornara-se governante. Possivelmente, a escolha de Espeusipo, sobrinho de Platão, para dirigir a Academia tenha decepcionado Aristóteles, depois de sua destacada atuação ao longo de 20 anos.
Em 338 a.C., os macedônios derrotam os gregos em Queronéia, impondo o fim da autonomia das cidades-Estados que caracterizava a Grécia do período helênico. A partir daí, será assimilada a organismos políticos que diluirão as fronteiras estabelecidas entre gregos e os demais povos.
A POÉTICA, de Aristóteles.
Nicômaco era médico, profissão tradicional da família. Este Nicômaco, pai de Aristóteles, descendia de outro Nicômaco; por sua vez, filho de Macaon (bisavô) e este, finalmente, de Esculápio, conforme refere Hermipo (D. L.,V,1). Contudo, Aristóteles perdeu o pai ainda na infância. Órfão, passou a ser educado por Proxeno de Atarneo.
sábado, 24 de outubro de 2009
Desaparecido, eu
domingo, 18 de outubro de 2009
A queda
-- Em 26 de agosto de 1997, a Universidade de Brasília reconhece o seu silêncio de mais de duas décadas desde a sua expulsão e outorga a Honestino (in memoriam) o título de "mérito universitário". Ao receber este título, recebo também o histórico escolar de Honestino, que mostra o compromisso cumprido de estudante com sua própria vida, impedido de terminar o seu curso de geologia, desabafa a guerreira, dona Maria Rosa Leite Monteiro.
Passaporte falso
Em 1973, a possibilidade de prisão, tortura e morte tinha aumentado. Norton comprou um passaporte falso e foi para o Rio encontrar Honestino. Ele se negou a aceitar a rota de fuga. Disse:
"Sabe por que um relógio funciona? É porque tem uma mola no meio que o faz assim", movendo a mão no balancim dos relógios.
A bomba AI-5
- Nesta noite, ao voltar do serviço, meu pai dormiu no volante, bateu o carro e morreu. Foi como uma bomba a explodir no seio da família, lembra Norton.
UnB destroçada
Dona Rosa se desesperou Com o telefone grampeado, desabafou dizendo tudo que achava aos carrascos do filho.
- Gritei até perder a voz. Naquele tempo, não tinha medo de nada, o mínimo que poderiam fazer era me matar, pois estava sofrendo muito pelas torturas sofridas por meu filho.
Um alívio veio num bilhete, no qual Honestino pedia para consertar os óculos
Honestino saiu em outubro por habeas corpus, estava expulso da UnB e logo em seguida viria o Ai-5 e clandestinidade absoluta.
Casamento e desespero
- Que terrível, que desespero! Como saber se Honestino estava mesmo vivo? Não acreditava na possibilidade, ouvindo aquele tiroteio. Muita gente ficou ferida, um estudante baleado na cabeça. Honestino, meu filho, foi jogado num camburão, ficando preso e incomunicável.
De novo sem liberdade
Honestino em 1968 já não mais residia com os pais, já que era vigiado e procurado, caçado como um criminoso. A família sofria muito com a angústia e o medo da terceira prisão.
Carta de dor
"Eu gostaria de ter as palavras certas para lhe falar agora, aliás eu necessito delas. Mas sei bem que dificilmente eu conseguiria dizer algo que significasse um pouco do que sinto em relação ao que o Sr. sente"
"Reconheço que tem algo de inconsequente: não no ato em si, mas como o fiz e seria desonesto se lhe dissesse mudarei meu modo de pensar. Não isso não haverá e o Sr. bem o sabe."
Vigília
-- Eu, na verdade, não sabia bem, ou não entendia o que estava acontecendo. Só sei que me apavorava a situação e me punha a ficar atrás dele, com uma unica intenção, proteger. Lembro-me de uma vez que vieram caminhões-tanques que dispersaram a concentração com jatos d'água. Monteiro e eu ficamos totalmente molhados e Honestino desapareceu. Pusemo-nos a procurá-lo, sempre com o pavor enorme de prisão. Encontramos em casa de colega, conta Dona Rosa.
As prisões
Triste festa de aniversário
Vida Nova
Cinema e confusões
-- Todos nós trabalhávamos no bar e no restaurante. Honestino e os dois irmâos (Norton e Luiz) tinham uma banca de engraxate na porta e também vendiam balinhas no cinema, lembra dna Rosa.
No colégio, Honestino tinha 10 em conhecimento, mas zero em comportamento. Brigava muito. Uma vez ele aprontou tanto que um freira de origem alemã pegou ele no colo e deu palmadas públicas.
Seu Monteiro ficava brabo com essas histórias. Uma vez, castigou o menino com choques nas mãos, queimando-o. Quando percebeu que exagerou, o pai esmurrou o espelho e sofreu grande corte na mão.
Direito à Verdade
Essa trágica lista foi um dos motivos que levaram à organização da Conferência Internacional sobre o Direito à Verdade, que começa amanhã em São Paulo. O evento, organizado pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), ligado à USP, tem aparência e estrutura acadêmicas. Seus objetivos, porém, são políticos. Acredita-se que possam sair dali, em dois dias de exposições e debates, as ideias para a montagem de uma comissão de verdade no Brasil. Em outros países que também passaram por regimes de exceção, como a Argentina e o Chile, com ditaduras militares, e a África do Sul, tiranizada pelo apartheid, comissões desse tipo ajudaram a esclarecer crimes como os desaparecimentos e a apontar os responsáveis.
O ministro da área de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, participará da abertura da conferência, amanhã pela manhã, na USP. Ele é um dos que esperam que ela aponte os rumos para criação da comissão de verdade. O idealizador do evento, o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, membro da diretoria do NEV e relator da ONU para direitos humanos, defende a constituição da comissão.
Na opinião dele, a democracia não poderá se consolidar se não for feito um acerto de contas com a tortura, as execuções, os desaparecimentos. "A conferência não apresentará nenhum projeto, mas pode oferecer ideias, propostas para um programa de reconstrução da verdade."
A abertura do encontro será feita por Priscila Hayner, diretora do programa de Paz e Justiça do International Center for Transitional Justice, em Genebra. Autora de um livro no qual analisa as experiências de comissões de verdade em trinta países, é uma das mais respeitadas autoridades internacionais na área.
Além das conferências, o evento terá depoimentos de vítimas e de familiares de vítimas de crimes da ditadura. Um dos convidados é Ivo Herzog, que era menino quando, em 1975, seu pai, o jornalista Vladimir Herzog, foi torturado e morto numa cela da polícia política, em São Paulo.
Na opinião de Ivo, que hoje dirige o Instituto Vladimir Herzog, a comissão de verdade poderia ajudar a esclarecer o que houve na ditadura. "A história verdadeira daquele período ainda não foi escrita", diz ele.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
A queda
Verdadeira Amiga
Frase-chave
Carne e osso, por Pedro Wilson
Fim do estigma
Madre Cristina
O "perigoso" Honestino
O pensamento de Honestino
Dificuldades da clandestinidade
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
O militante Pedro Wilson
domingo, 11 de outubro de 2009
A morte de Monteiro
Duro golpe
Mãe sorve o cálice
Xeque-mate
Senhor Monteiro e Caramuru
O irmão Luiz Carlos
Menino Presidente
Quando era menino em Itaberaí, cidade dividida entre dois poderosos coronéis, Honestino se sentiu fortemente atraído por esse movimento político. Queria saber o que era ser prefeito, governador, presidente. Tomou logo o partido e brigava pelos seus candidatos. Adora comparecer e assistir aos comícios em praça pública
- Daí, ele passou a manifestar o desejo em ser presidente, afirmando a todos que seria presidente do Brasil, conta dona Rosa.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Artigo publciado hoje no Correio Braziliense
Sérgio Maggio
sergiomg.df@diariosassociados.com.br
Na semana passada, o governo federal iniciou campanha nacional para remexer no que parece estar amarrado a sete nós. Batizado de Memórias Reveladas, o projeto tem site (www.memoriasreveladas.gov.br) que tenta reavivar o assunto esquecido por milhões de brasileiros, mas martelado diariamente na cabeça de algumas centenas de compatriotas. Parentes e amigos de mais de 140 estudantes e militantes que foram catalogados na triste alcunha de “desaparecidos políticos”.
No site, o cidadão pode ajudar a escrever a história, caso possua alguma informação sobre o paradeiro ou documento da ditadura. O sigilo é garantido. Aguardada há tempos por todos aqueles que acreditam nos direitos humanos, a ação, em prol da memória das vítimas do regime militar, é discreta e tímida diante do que aconteceu em países vizinhos, como Argentina e Chile, onde a sociedade civil e o governo democrático necessitaram ficar, sem pudores, diante dos horrores da ditadura.
Não será possível o Brasil amadurecer como democracia plena se não der cabo desse traumático episódio, por mais que isso doa e incomode. A campanha Memórias Reveladas é bem-vinda, sim. Mas é necessário um passo concreto para garantir a abertura e o compartilhamento de todos os documentos e informações guardados ainda nos porões. Principalmente, porque move, nas famílias, a esperança de enterrar seus queridos filhos e filhas.
Na terça-feira, 6 de outubro, os restos mortais de Bergson Gurjão Farias, guerrilheiro do Araguaia, foram enfim sepultados no cemitério Parque da Paz, em Fortaleza (CE). Sem grande destaque na mídia nacional, o enterro ocorreu 37 anos depois da morte do líder estudantil cearense. A cerimônia encerra um pesadelo na vida de amigos e parentes, que atravessaram décadas convivendo com a ausência do corpo.
Aqui, em Brasília, dona Maria Rosa Leite Monteiro sonha em saber o destino do corpo de Honestino Guimarães, estudante de geologia da UnB e líder da UNE, capturado no Rio de Janeiro em 10 outubro de 1973. A certidão de óbito que tem em mãos nem diz a causa mortis. Em casa, essa guerreira, que há anos luta por encontrar a verdade, espera incansável que alguém acesse o site do Memórias Reveladas e ajude a realizar o que lhe é de direito: enterrar o próprio filho.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
O corpo de Bergson
“É preciso resgatar a história recente e a memória de centenas de brasileiros e brasileiras que morreram por um país livre e democrático. É fundamental o direito das famílias de sepultar seus entes queridos como pode agora fazê-lo a família de Bergson”, afirmou o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), Paulo Vannuchi. O ministro inaugurou memorial em homenagem a Bergson na Concha Acústica, no bairro Benfica.
Direito à Memória e à Verdade - O projeto Direito à Memória e à Verdade da SEDH/PR tem o objetivo de recuperar e divulgar o que aconteceu nesse período. São registros de um passado marcado pela violência e por violações de direitos humanos. Teve início em 29 de agosto de 2006 com a abertura da exposição fotográfica “Direito à Memória e à Verdade - A ditadura no Brasil 1964 - 1985”, no hall da taquigrafia da Câmara dos Deputados, em Brasília. Em 2007 foi lançado o livro Direito à Memória e à Verdade, que resgata para a história do país a trajetória e as circunstâncias de prisão, tortura e morte de aproximadamente 500 brasileiros que se opuseram ao regime militar.
Antecedentes - A data do desaparecimento de Bergson é entre maio e junho de 1972. Bergson permaneceu, então, na lista dos desaparecidos políticos do Brasil. Em 1996, seus restos mortais haviam sido resgatados no cemitério de Xambioá e trazidos para exames de identificação em Brasília (DF). Em junho de 2006, um novo exame de DNA resultou em conclusão positiva na comparação com material genético de familiares. Nascido em Fortaleza (CE) no dia 17 de maio de 1947, filho de Luiza Gurjão Farias e Gessiner Farias, Bergson atuou no Movimento Estudantil quando cursava Química na UFC.
Campanha - O governo federal busca sensibilizar pessoas e organizações a doarem documentos relativos à política brasileira, durante os governos militares, ao Arquivo Nacional, que abrigará todo o acervo. Dessa forma, será possível resgatar informações sobre um importante período brasileiro e sobretudo contribuir para a localização de corpos de mais de 140 desaparecidos políticos. Os interessados em colaborar ou se informar sobre o tema poderão acessar o site Memórias Reveladas: www.memoriasreveladas.gov.br.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Visita especial...
Meninos, muito obrigado pelo tempo que vocês nos dedicaram e sejam sempre bem vindos e voltem sempre! É uma honra tê-los ao nosso lado!
Beijo grande galera!!!!!!!!!!!!!!!!
Herinha.
domingo, 4 de outubro de 2009
Corre-corre nos estudos
O primeiro desaparecimento
Amor ao circo
Honestino politizado em 1965
Estrofe emocionante de Honestino Guimarães
Poesia de Honestino Guimarâes
tão grande, tão imensa
que mais seria uma (elegia)
saída da minh'alma tensa
E tão grande quanto for
a vaga e firme obsessão
que norteia o meu amor
Quisera fazê-la no coração
e aí encerrá-la eternamente
chorando, rindo se quiser
mas conservando somente
sua origem de uma mulher
Quisera fazer um poesia
que despertasse riso e choro
Um poema tão louco seria
que subiria dos céus e em coro
ribombaria sobre a terra
e como uma tempestade
traria as emoções que encerra
submetidas à minha vontade
ao meu peito de homem e poeta
Afgitar-seía indomável
e poucoa pouco se aquitetaria
aninha-se-ia adorável
em minha alma imensa
Então dir-lhe-ia da poesia
cuja emoção tão intensa
nossas vidas manteria
Ela você - e eu seu autor
Ela a ponte - e eu o amor
Escritos de Honestino Guimarães
Quis fazer um dia
um poema tão profundo
tão grande, que não ia
caber todo no mundo
Pensei na imensidão
do céu que cobre o mar
e a terra, mas não,
era maior e sem par
Grandeza de um ideal
que é o norte do Homem
Pensei no bem e no mal
e na angústia da fome
E também na liberdade,
na beleza da rosa,
no utópico da igualdade
na mulher mais famosa
De tudo vinha o grito
que no limite se ecoava
tudo, tudo era finito
tudo, tudo se acabava
Voltei para dentro de mim
buscando contrito este tema
e vi o infinito assim
minha mãe - eis o poema.